quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Filhos - disponibilidade emocional ?

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Este ano estão a nascer menos cinco bebés por dia, em Portugal. As mães têm os filhos cada vez mais tarde, por volta dos 30 anos, e ficam-se pelo filho único. Sendo no interior do país, aonde a desertificação prossegue, que mais se sente este decréscimo.
Os motivos são sobejamente conhecidos, precariedade, instabilidade económica e falta de apoio institucional. Para agravar, sofremos nos últimos anos enormes perdas das camadas mais jovens, com a emigração.
Apesar das estatísticas, dos estudos feitos, os governos sucessivos parecem não se dar conta do impacto que o declínio da população portuguesa terá no futuro do país. Não promovem medidas sérias, não implementam políticas efectivas e duradouras, que revertam e recuperem esta tendência. 
Não somos o único país na Europa com esta estatística desanimadora e preocupante, tem sido tendência continental, porém há quem esteja já a fazer caminho inverso. A Hungria conseguiu, não somente, aumentar em 0,42% o número de nascimentos, como o dos casamentos em 1,12% e diminuir o divórcio em 1,12% ( entre 2012-2015). Apesar da Hungria estar ainda abaixo da média europeia, as medidas implementadas pelos governos estão a dar resultados com tendência oposta aos restantes países.

Dizem os especialistas que ter filhos pressupõe sobretudo uma disponibilidade emocional; e pelo que vejo, parece-me realmente que sim. Há imensos casais que tendo condições financeiras para ter mais do que um filho, optam por não ter, por razões que não implicam necessariamente finanças. E outros, mas muito menos, que possuindo restrições económicas, se aventuram por gosto, no projecto de alargar a família. Encontram diversas formas de economizar para poderem criar os filhos com dignidade. Procuram formas novas de viver a vida confortavelmente sem grandes supérfluos. Inventam recursos que ainda não lhes tinha ocorrido. Enfim, focam-se em soluções.

Tenho para mim que as medidas dos governos ajudam muito mais para além do económico; são um incentivo, sim, mas são sobretudo uma forma de iluminar a ideia da grande família, de valorizar o ter filhos no plural. Assim como uma espécie de campanha publicitária permanente, cujo impacto no país é reconhecido e gratificado. E parece-me que isto sim, é muito mais capaz de envolver emocionalmente casais do que qualquer outra coisa.

Fontes:
Sempre família
Público