segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Os livros do PNL são indicações sérias?

Desde há muito que defendo a leitura infantil como hábito familiar obrigatório, porque é na infância que se cria e guarda raiz este habito. E porque os benefícios da leitura são diversos e de grande importância. Mas também tenho falado repetidamente, que é importante os pais lerem os livros antes, para não terem surpresas; há livros que realmente não valem a pena, que são desperdício de tempo e dinheiro. Outros que não são, de todo, adequados.

Tenho, porém, a noção que esta tarefa, que adjudico aos pais, nem sempre é fácil devido à falta de tempo, a mais comum e verdadeira das queixas. 
Agora, que pessoas, que fazem desta selecção trabalho, não se dediquem à tarefa de fazer leituras das "obras" que aconselham no Plano Nacional de Leitura, falhem, deixa-me deveras perplexa. E não apenas leitores se espantam, os próprios autores, pelo menos aqueles com consciência, se indignam manifestando com justiça a sua incompreensão, como a escritora Alice Vieira.

Já nem na lista do PNL podem os pais confiar! 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Falta de Concentração?

Não é à toa que a falta de concentração se tornou um problema cada vez mais generalizado. E a "culpa" nem sequer é das crianças. Algumas pistas:

Uma das causas da falta de concentração é óbvia: eles têm, basicamente, muito mais distracções do que nós tínhamos. "Recebem tanta informação visual desde que nascem que o seu cérebro não está preparado para gestão de tantos estímulos". Psicóloga Ana Manta, no  livro "Filho, presta atenção".


O mais natural é que a sua capacidade de concentração se disperse para dar atenção a tanta coisa, não conseguindo focar-se no mais básico.

É mais importante uma criança saber respeitar as regras de um jogo do que saber escrever o nome dos familiares aos 4 anos.

...muitas vezes não é que a criança não esteja concentrada ela está concentrada coisas. 

Há uma lógica social por trás disto: a sociedade de consumo e de concorrência, em vez de nos orientar o cérebro para a paz, faz com que estejamos sempre na defensiva, ou seja, o cérebro é muito menos capaz de estar sossegado e aprender qualquer coisa." 

Se o meu filho não é hiperativo, vamos saber que outras podem estar a correr mal. Às vezes eles estão simplesmente...cansados. E desmotivados.

... em vez de sentada e quieta, a aprendizagem seria mais efectiva, porque o nosso cérebro aprende mais pela experiência do que passivamente.

Como podemos aprender se somos frágeis, temos pouco oxigénio e músculos pouco desenvolvidos? 

Valorizamos muito a inteligência escolar e muito pouco a inteligência emocional.

Se eu não conseguir colocar-me no lugar do meu filho, não vou perceber as dificuldades dele. 

Perceber como é a vida dela, como ela se dá com os professores e os colegas, de que é que gosta mais, como aprende melhor, se precisa de ir dar uma volta antes de fazer os trabalhos ou prefere atacá-los. Perceber se há situações emocionais pontuais, uma mudança na escola, um problema em casa. E depois, ter calma e não a stressar como nós stressamos. 
in Revista Activa, Janeiro, 2017
  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

- Mãe, o que é ser feminista?




- Ser feminista é acreditar que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens; receber vencimentos iguais quando exercem as mesmas funções; progredir nas carreiras sem prejuízo por serem mulheres ( porque podem ter filhos, e isso implica faltas ao trabalho), etc. Basicamente, ser feminista é exigir que a igualdade reconhecida por lei seja aplicada. 

- Ah, ok, então isso é óbvio. Responde-me a Letícia.

Certamente que muitas mulheres não aprovarão a minha definição de feminismo, mas eu não me importo, aliás, já não me importo mesmo nada. Se me tivessem dado uma definição de feminismo simples e inclusiva, eu teria compreendido mais cedo, e com certeza não me sentiria alheada da questão por tanto tempo. Mas não, o que lia e ouvia era exigente e exclusivo demais. Feminismo não é conciliável com Deus, sendo este uma figura masculina e as religiões patriarcais; também não é compatível com o movimento pró-vida, porque enfim, quem manda no corpo da mulher? Não se pode falar em quotas, porque o feminismo não quer nada dado por favor ( dado pelos homens), tem que ser conquistado. Enfim, uma série de conceitos que em vez de incluir, exclui. 

No fim de contas, ser feminista é acreditar na igualdade entre homens e mulheres, e que estas devem ter direitos iguais. O resto, são questões privadas, conforme a crença e consciência de cada uma, porque acima do feminismo, está a nossa liberdade pessoal. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Rissóis #Vegetarianos



Disseram-me que já ninguém faz rissóis; que dá demasiado trabalho, demora muito tempo, e não compensa, pois os de compra são óptimos, ali numa senhora que os faz muito bem, "caseirinhos". Isto está tudo certo, mas eu ainda faço os rissóis que comemos cá em casa, e acredito que não serei a única. Pois não?
Estes são vegetarianos, e ficaram uma delícia. A sério. Quem não acredita que experimente!

Rissóis Vegetarianos


Recheio:
Uma lata de rebentos de soja
Uma cenoura ralada
Uma cebola picadinha
Dente de alho
Sal, pimenta, caril

Como fazer:
Saltear a cebola picada em azeite até ficar translúcida, juntar o alho picadinho, mexer, e juntar a cenoura e os rebentos de soja. Temperar com sal, pimenta moída na hora e o caril. Envolver tudo, deixar cozinhar cerca de 5 minutos, mexendo frequentemente. 
 
Ingredientes para a massa:
Um copo bem cheio de farinha com fermento
Um copo de água mal cheio
Uma casca de limão
Uma colher de manteiga
Pitada de sal

Como fazer:
Deixar a água ferver numa panela, com todos os ingredientes, excepto a farinha; quando estiverem bem misturados, juntar a farinha de uma só vez, misturar tudo com a ajuda de uma colher de pau, até formar uma bola que descola do fundo da panela. Retirar para a bancada e fazer uma bola. 

Estender a massa bem fina, com a ajuda de um rolo, colocar o recheio, fechar e cortar com um copo. Fechar bem os bordos. 
Passar por ovo batido e pão ralado, fritar ou congelar.


 Uma refeição deliciosa! 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O estereótipo da mãe perfeita? É mito.


Como eu tenho uma visão positiva, relativamente às informações recebidas sobre a maternidade, há quem as renegue, e dispense sucintamente. Não por arrogância ou presunção, mas porque sentem essas ajudas como alfinetadas. Quando nos damos como exemplo, colocando-nos num patamar acima, distanciamo-nos dos outros; quando começamos o conselho por uma crítica, o corte na comunicação é imediato. Quando ficamos surdas perante a frustração da outra, rejeitamos a empatia. E assim sendo, mesmo que a intenção seja boa perdem-se oportunidades de interajuda. 

Vou ser irritante, e dizer que a minha experiência com a amamentação foi muito positiva. Que fiz assim, e assado, e ultrapassei os problemas. Vou ser mesmo chata, e dizer que os meus filhos não tiveram a terrível fase dos dois anos; nunca fizeram birras no supermercado por querem um brinquedo ou uma determinada guloseima. Nunca me fugiram e me fizeram correr atrás deles pela rua, ridiculamente, porque me davam a mão sem queixumes. 
Quer isto dizer que sou uma mãe perfeita? Não. Apenas que nisto as coisas correram muito bem. Talvez tenha usado as estratégias certas, talvez a natureza e personalidade dos meus filhos tenham ajudado. Porque se eu explicar como fiz, a outra mãe, ela pode tentar sem sucesso, como aliás já aconteceu.
Porém, noutras coisas, falhei, e falho, apesar das boas intenções. Então, o que pretendo dizer é que de uma vez por todas, as mães deveriam deixar de sentir essa pressão para serem perfeitas. Para fazerem tudo bem. Ninguém faz. Nem no trabalho, nem em qualquer outra actividade, como seria então no projecto mais desafiante do Mundo, que é a maternidade?!

A experiência de cada uma é única, e ninguém tem a obrigação de se justificar perante as outras. Não podemos comparar, e ainda menos, julgar. E talvez quando isso acontecer, as mães deixem de sentir essa pressão para serem mães perfeitas.    

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

"Não sei" - como base para uma melhor maternidade

Emily Dickinson prezava imenso a pequena frase, "Não sei", pelo seu valor enquanto alicerce do conhecimento. Ao reconhecer, e dizer "não sei", abria-se o caminho pela procura da sabedoria. Foi assim com Marie Curie, para citar o exemplo que a poetisa americana utilizou. E foi assim com tantos outros sábios, mas parece que a humildade dos grandes não inspira aqueles que lhes ficam aquém.

O exercício pleno da maternidade/parentalidade, requer conhecimentos de várias ordens; o intuitivo, o empírico, e o livresco. Pensar que sabemos tudo agindo intuitivamente, é um erro que depressa se revela como tal. Porém, o conhecimento através da experiência só surge após a prática, e por isso não se pode desfrutar apenas dele. Precisamos antes de recolher informação de quem a possui, e esta encontra-se nos livros, nas revistas da especialidade, onde estudiosos e investigadores, ou simples mães e pais, partilham as suas vivências. Munidos destes três aliados podemos exercer a nossa função de pais, com conhecimento e honestidade.

Faz batota quem acredita que sozinho "é que sabe", apenas por ser o pai, ou a mãe. Sozinhos não nos bastamos, e somente uma certa arrogância e presunção, nos validará a crença do contrário.

Não basta ter estudos superiores, e ser inteligente. Não é suficiente ser um profissional competente. Isto é outra área, outra disciplina, que requer igual empenho e capacidade. Quando não sabemos, procuramos quem sabe. Rechaçar opiniões alheias, ou porque nunca teve filhos, ou porque já os teve, mas há muito tempo, é dispensar aliados. Há pessoas sem noção, pessoas inoportunas, que opinam sob a forma de crítica, certo, descartemos essas então. Porém, usar essas como justificativo de banir todas, é rejeitar ajudas preciosas. É perder a oportunidade de aprender, de acrescentar conhecimento e fazer cada vez melhor. 
Encontrei, frequentemente, nessas pessoas uma via rápida para respostas a dúvidas, e soluções de problemas, por possuírem conhecimento, intuição e experiência. "Não sei", é uma frase que digo ainda após 15 anos de maternidade, porque cada fase é nova, e cada etapa um desafio. E eu "não quero" ficar sozinha na procura das respostas. Tratando-se de filhos, é um jogo demasiado alto para pensar que nos bastamos.  
 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Filmes que vale a pena ver, nos Telecines

Que horas ela volta?
Parece-me que a categorização dos filmes é aleatória. Como pode ser este uma comédia? Não é. É antes um drama, porque é assim que vejo a terceirização da maternidade; a empregada educa o filho da patroa, e alguém educa a filha da empregada, originando conflitos de afecto e intimidade que nada têm a ver com o sangue.
Gosto muito do cinema brasileiro, tem uma particular profundidade, toca em aspectos recalcados, que nos magoa. É-me necessário um certo estado de espírito para ver os filmes brasileiros, um espírito aguerrido, para enfrentar quem mexe na alma, e aguentar. Mas é deste cinema que vale a pena pagar para ver.

Sufragistas
Baseado na história real do movimento sufragista inglês, ficamos a saber quão absurdamente dolorosa foi a luta daquelas mulheres; do que tiveram de abdicar, do que fizeram em prol do bem comum. A par da desigualdade de géneros, no geral, que submetia ao homem, mulheres pobres e ricas, letradas e analfabetas. Ficamos com mais noção do valor dos direitos que temos actualmente. E gratas às mulheres que nos precederam, verdadeiras heroínas

Mustang
A história de 5 irmãs órfãs, jovens e inocentes, cheias de alegria e em tudo semelhantes às jovens que conhecemos. Só que elas estão ao cuidado de uma avó e tio, vigilantes dos bons costumes da religião. Passa-se numa aldeia turca. E isto explica tudo, ou quase tudo. Na saída da infância a vida dá uma reviravolta inesperada, e elas encontram-se prisioneiras em casa. Com o destino traçado, sem palavra a dizer.
Para que saibamos como é a vida de grande parte das mulheres muçulmanas, mesmo em países que consideramos modernos e moderados.

 Elsa & Fred
O amor pode acontecer na terceira idade? Mesmo após a viuvez, todas as perdas da vida, durante a doença e ameaça de morte iminente, Elsa e Fred, mostram-nos que sim. Que o corpo envelhece, mas não a alma, que permanece ávida das alegrias da vida. E que até ao fim vale a pena correr riscos para ser feliz.

Amor Polar
Baseado num história autobiográfica, duas meninas ficam entregues aos cuidados do pai, bipolar, quando a mãe vai trabalhar para Nova York. Os desequilíbrios do progenitor, devido à recusa da medicação, causam sucessivos problemas à família, que ainda assim se mantém coesa e resiliente. Uma história de amor comovente, daquelas que resiste às dificuldades de toda a espécie. 

Fort Bliss
Este é o tipo de filme que não costumo ver, mas ao fazer zapping prendeu-me a passagem de conflito mãe-filho, acerca da comida, de forma que o reiniciei e vi-o todo. A história de uma mãe militar, que abdica do filho de 4 anos, para partir em missão. Quando volta pretende recuperá-lo, aligeirando esse processo sem noção de como seria difícil, para o filho e ela própria. Quando as coisas já se encontram no bom caminho, ela volta a partir em  missão para o estrangeiro. Porque é essa a vida dos militares, e porque ela é realmente boa na sua profissão, e assim o escolhe. 
A dificuldade de conciliação entre certas profissões e a paternidade/ maternidade está aqui muito bem contada, com o ónus exacerbado, quando se trata de uma mãe. 

A ajuda divina
Quão raro é ver um filme, da actualidade, sem cenas de sexo, nudez ou beijos? Raríssimo. Este é de uma candura e pureza excepcionais. 
A história de uma família à primeira vista feliz, ou com tudo para ser feliz: jovens, belos e saudáveis. Bons carros, boa casa, bons empregos. Mas não é. Falta-lhes amor, intimidade, cumplicidade, empatia. Quando a infelicidade se agrava, entra em cena uma velha senhora com a bizarra teoria de que a vida corre melhor, quando oramos, e pedimos a Deus ajuda para resolver os nossos problemas. 
No original, "War room", que me parece muito mais exacto e inspirador. Um filme para ver em família.    

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Arroz de cogumelos #Vegetariana


Uma das coisas boas da comida vegetariana é a rapidez na sua confecção. E como eu aprecio este aspecto! Outra vantagem é a possibilidade quase infinita de improvisar refeições, com restos e aquilo que há no frigorífico, ou horta, no caso de quem tiver a sorte de ter uma. 
Este Arroz com cogumelos é um dos casos. E fica tão saboroso que se torna difícil parar de come-lo. 



Arroz de Cogumelos

Ingredientes:
Arroz já cozido ( branco, selvagem, vaporizado...)
Uma cebola
Um dente de alho
Um jalapenö
Cogumelos fatiados
Molho de soja

Como fazer:
Saltear a cebola cortada em meia lua, em azeite; logo que ficar transparente, juntar o alho também muito bem picado, e o jalapenö às rodelas finas. Deixar cozer um pouco, e acrescentar os cogumelos, deixando cozinhar cerca de 10 minutos.
Acrescentar o arroz, envolvendo tudo. Juntar o molho de soja a gosto, temperar com sal e pimenta moída na hora. Envolver tudo novamente, com cuidado. 
Decorar com salsa picada ou cebolinho. E está pronto a servir!
Custa a crer que seja tão bom. 


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Quando é tempo de mudar?

Ia eu a dizer que ninguém muda de um momento para o outro, mas não é verdade, há quem mude. Num piscar de olhos, numa fracção de segundo, acontece alguma coisa, um vislumbre de um conhecimento a um nível profundo do nosso ser, que nos desperta para a mudança. Chamemos-lhe epifania, e depois de uma experiência dessas, mudamos para sempre. Sem custos, sem esforço nem arrependimento. Aconteceu assim quando me tornei vegetariana, por isso sei que mudanças de um momento para o outro, são raras, mas acontecem.
Porém, a maior parte das mudanças são resultado da nossa vontade mental; do reconhecimento de que algo não está bem, que deve ser melhorado, ou descartado. E temos tanto para mudar na nossa vida de todos os dias! Desde as coisas maiores, como vícios prejudiciais à saúde, às menores, como chegar tarde a encontros. Não sendo essas mudanças fáceis de concretizar, apesar de nos parecerem tão claramente evidentes. 

O início do ano é um bom ponto de partida para nos dizermos: - Doravante, vou fazer assim! E começarmos a fazê-lo. 
Defende "O Monge que vendeu o seu Ferrari", e alguns neuro cientistas, que o cérebro necessita de 21 dias para se reprogramar; ou seja, se pretendemos fazer alguma mudança devemos pô-la em prática durante 3 semanas, até que ela se torne rotina. Também testei esta fórmula e posso confirmar que funciona. Falha, quando por algum motivo paramos a rotina, e outra se instala.

Qualquer altura é boa para a mudança. O principio do ano é o pretexto, todavia todos os dias são novas oportunidades. Porque tropeçamos, recuamos, e estagnamos num processo pouco pacífico. E isso pouco interessa, o que importa de facto é a resiliência, a vontade de perseverar na mudança. Falha quem desiste, nunca quem se levanta, uma e outra vez.