terça-feira, 11 de outubro de 2016

Era isto...



Passamos uma vida a tentar encontrar as palavras certas para descrever com justiça e exactidão, um local, um sentimento, uma situação, uma pessoa, sem sucesso. E de repente, encontra-se aquilo perfeitamente grafado por outrem, como se ela o tivesse também vivido ou sentido
É mais do que o domínio da palavra; é como se por artes mágicas, aquela pessoa tivesse entrado na essência, daquilo que nos foi vedado.

Isto a propósito do vinho que o meu pai produzia, para consumo particular, quando eu tento descrever como era bom, e como deixava o palato encantado de quem o bebia pela primeira vez:


“O que mais aprecio são pequenas colheitas particulares, vinhos muito puros, leves e modestos, sem nomes especiais; podem beber-se fácil e inofensivamente em grande quantidade, e têm um sabor doce e agradável a campo e a terra, a céu e a bosque. “

In O lobo das Estepes, Hermann Hess