quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O Amor é Caro... ou Raro?

Cada vez mais me convenço que a oferta de presentes no Natal, dos pais para os filhos, não passa de um ajuste de contas. De tal forma bem embrulhada em boas intenções, que nem os próprios se apercebem, de como essa doação é a negação da própria palavra.

Não passa de uma compensação atrasada pelo tempo que não lhes foi dedicado, pela falta de atenção, de paciência, interesse, ou qualquer outra coisa que não traz etiqueta pendurada.

E quanto maior é a culpa, seja lá ela qual for, mais caro é o presente. Transversal a classes económicas (havendo vontade o resto acontece, ou não existissem Cetelem's), apenas a motivação diverge.
  
Muitas vezes, é um ajuste de contas de si para si; porque não teve quando era pequeno, porque os pais não podiam ou não queriam. Ou um ajuste de contas com outrem: - Se os outros têm porque não há-de ter o meu filho? Não é menos do que eles. Eu também posso!

Em todo o caso, existe sempre uma motivação egoísta na origem da oferta. Seria uma ingenuidade pueril acreditar que é somente um acto altruísta. 
Nem que seja a mais vulgar de todas, e talvez a menos egoísta, dar causa alegria, e saber-nos causa desse sentimento faz-nos sentir bem.  
Pode a oferta reflectir amor? Certamente, mas então o valor económico já não será disso reflexo. Ninguém oferece uma flor, no Natal. 
Os desvarios financeiros que se cometem nesta Festa estão impregnados de sentimentos que antagonizam a própria época. 

Ironia das ironias, numa celebração que convida ao recolhimento todos se viram para o exterior. 
E tudo isto dá tanto que pensar...