sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Pequeno Circuito No Alentejo

Via
Ainda continuamos a descobrir o Alentejo. Esta região de Portugal dá-me sede,  tenho permanentemente de me refrescar com bebidas frescas e gelados; certamente devido à paisagem, aquelas longas extensões planas e amarelas, com as ondas de calor a ondular no horizonte.
Estas ocasiões só servem para confirmar a minha natureza de Minhota. No entanto, o Alentejo também me provoca sede de conhecimento; tenho vontade de o descobrir cada vez mais. Portanto, prevejo que essa descoberta há-de continuar por muito tempo. Já temos em mente alguns locais  fascinantes.

Tínhamos visitado Portalegre umas duas vezes, no entanto, nunca tínhamos ido ao Mercado, sendo para mim um dos locais que eu mais gosto de visitar em qualquer terra. No 1º andar, tomamos o pequeno-almoço, com excelentes Farturas, ou como lá lhes chamam, Massa Frita, sendo que para nós, grandes apreciadores deste doce de festas e romarias, temos altos padrões de exigência. Crocantes e secas, como gostamos.

No rés-do-chão encontramos os comerciantes, sendo alguns deles agricultores. A alegria do 1º andar deu lugar a uma tristeza enorme, ao ver aquele local óptimo tão mal ocupado e quase sem clientes. Enquanto a afluência ao piso superior era intensa.
Causa-me estranheza que havendo um mercado onde se vendem produtos de agricultores locais, frescos e saborosos, não exista a procura merecida. Preferem os supermercados, onde a fruta é toda igual e brilhante, carregada de pesticidas e sem sabor. E mais cara!
Comprei avelãs caseiras, um ramos de ervas medicinais e oregãos. Entretanto os agricultores, quase todos já idosos, arrumaram o que não venderam para levar para casa. Fazem o que fazem por teimosia. Porque trabalharam a terra toda a vida. Não é pelo lucro com certeza. Fez-me doer a alma.



Vila Viçosa também já era conhecida nossa, contudo não tínhamos ainda visitado o Palácio Ducal, apesar de por duas vezes ter estado na nossa mira. Mas valeu a espera, é um palácio muito interessante e lindíssimo. Tem cerca de 500 anos, dos mais antigos e bem conservados da Europa, e tem um acervo vastíssimo e rico, muito bem preservado. Pertence à Fundação Casa de Bragança, que não recebe qualquer subsídio do Estado, pelo contrário, ainda paga impostos.
O Castelo também merece a visita, tem um Museu de Caça muito bom; confesso que a parte dos animais empalhados não é propriamente ao meu gosto, porém os artefactos romanos  são significativos, e esses sim, são muito do meu agrado.

Painéis de azulejos na Sociedade Recreativa de Estremoz

Estremoz tem uma longa e interessante História, estando frequentemente relacionada à História da nação.
Passeamos pelo centro, admiramos o Café Águias de Ouro, com a sua fachada singular, e outros edifícios interessantes. Entramos para beber uma água no Hotel Pátio dos Solares, onde foi gravada a novela Belmonte, segundo nos disseram; e tive ainda o privilégio de observar os belíssimos painéis pertencentes à Antiga Igreja da Misericórdia de Estremoz, actualmente, uma sociedade recreativa. Parece que foram descobertos há poucos anos, aquando de um restauro da Sociedade. A igreja é anterior a 1502, e imagino que tenha sido confiscada pelo Estado no séc.XIX, como outros bens da igreja, e assim tenha chegado à sua actual função.
Foi graças a uma filha da terra que tive esta oportunidade, pois estas dicas não vêm nos Livros de Viagens. Se passarem por lá, peçam que vos mostrem os Painéis, são pessoas muito simpáticas. 

Caracóis e cerveja, na Casa das Bifanas,  Estremoz

Para um lanche ajantarado, Caracóis e Pica-Pau, como manda a tradição da terra. Eu fiquei-me pelo Pica-Pau; Caracóis... só nas ilustrações dos livros!

Dias de Verão com História, aos quais juntamos as nossas estórias, sempre bem acompanhados. Perfeito.