sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eu tenho um sonho



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Hoje estou com este texto, a concurso na  Papel D'arroz Editora. Há lá sonhos para todas as cores e feitios. Passem por lá!


Eu tenho um sonho

Eu não tenho um sonho. Tenho imensos sonhos. Diria até que não sei viver sem sonhos. Como se estivesse permanentemente com um pé aqui, no mundo real, e outro no mundo dos sonhos. E o equilíbrio é manifestamente perfeito, pois quando levanto um pé, não aguento muito tempo ao pé-coxinho, tenho que voltar a pousá-lo, e no mesmo sítio. 

Dos meus diversos sonhos eu poderia escolher aqueles que ficam bem a toda a gente, pedir a paz no mundo, por exemplo. Saber que vivemos num mundo com diversos focos de guerra, onde a criminalidade está disseminada a ponto de muitos países em suposta paz, sentirem que vivem num clima de guerra, é triste e preocupante.
Poderia ser o fim da fome, também. É difícil aceitar que não nos faltando nada do básico e tendo ainda muito do supérfluo, existam milhões de seres humanos no mundo, que morrem de fome. 
Ou a água potável. É o mínimo que podemos desejar a todos os seres humanos deste planeta; que tenham acesso à água potável, e assim não contraiam doenças que nós nem sabemos que existem.
 
Poderia ainda mencionar o meu sonho de liberdade; que todos fossem livres de escolher a religião, o partido político, ou a quem amar. Independentemente de género, ou raça. 

Que todas as crianças tivessem direito a uma família que as amassem, protegessem, e lhes proporcionassem os cuidados necessários, para se tornarem adultos felizes.
Enfim, o meu sonho de uma vida digna para todos será certamente comum a muitas outras pessoas, e por isso a empatia seria grande. Fica sempre bem contar sonhos altruístas.
Ou talvez mencionar um sonho mais individual, que mesmo assim é comum e generalizado: ganhar o euromilhões! Com esse poderia realizar uma série de pequenos sonhos.

Há, porém, um sonho especial e grandioso que acalento secretamente; o de desvendar a caixinha dos pirolitos…
Dizem os cientistas que nós utilizamos apenas 10% do nosso cérebro. Se apenas com esta reduzida percentagem o homem já conseguiu tantas coisas fantásticas, fez descobertas assombrosas e levou a humanidade a um nível que ainda há pouco era pura ficção científica, imagine-se o que não poderíamos ser, e fazer, com os restantes 90%!
Imagine dar um computador a alguém que não sabe como utilizá-lo, embora saiba ler e escrever. Ainda que essa pessoa descubra como digitar um texto, e inserir uma imagem, nunca conseguirá desfrutar de todas as capacidades daquela máquina. É um desperdício, não é? Pois é isso que nós temos aqui dentro, na nossa cabeça; uma máquina extremamente complexa, com um potencial que mal conseguimos alcançar. Mas suspeitamos que será capaz de coisas prodigiosas. Só não sabemos como fazer para abrir esses programas, nem o que eles fazem exactamente.
Muito frustrante. 

Apesar de matemáticos, cientistas, neurocientistas, antropólogos, psicólogos e outros “ólogos” importantes, estudarem afincadamente o nosso cérebro, ele mantém-se secreto e misterioso. Repleto de promessas, tão perto e tão inalcançável.
O meu sonho de conseguir conhecer verdadeiramente o meu cérebro, saber como funciona, para que serve, além destas funções “básicas” que lhe conhecemos é o maior de todos.
Não sei exactamente porquê, talvez a algum nível da minha mente suspeite, que aí residem as respostas aos restantes sonhos da humanidade.