segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

É Calçada Portuguesa com certeza!

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Ontem aproveitamos o dia de sol, raro luxo inesperado deste Inverno, para tomarmos café na esplanada do Bom Jesus. Atravessamos o parque todo, como habitualmente, e apesar de calçar sapatos rasos tive que ser "amparada" pelo meu marido, devido ao  risco de escorregar por ali abaixo, e só parar no santuário.

O passeio é feito, pasmem senhores, com pequenas peças de granito! Não tem sequer o encanto da calçada portuguesa, a técnica e os seus desenhos deslumbrantes. No entanto, foi arranjado recentemente. E nós perguntavamo-nos: -Porque não pensaram na alternativa óbvia, que parece estar agora muito na berra, os passeios de borracha, reciclada de pneus? É antiderrapante, argumento irrefutável por estes dias. Não, não pensaram, nas quedas, nos idosos, e nas crianças que como todos sabemos gostam de correr e saltar, e não têm propriamente preocupações em escorregar.

Parece que os últimos calceteiros de um certo tipo de calçada foram para Miami, fazer Calçada Portuguesa. Espertos os americanos. No Brasil também há calçada portugesa, e em Angola também. Exportamos e encantamos com uma técnica única que é nossa.
Porém, por cá o valor da Calçada Portuguesa está como ela própria, rasteira. 

Achei graça ver na televisão a esquina com mais quedas de Lisboa. Uma descida acentuada proporciona-se a quedas, e com chuva pior ainda, qual o espanto? Se o problema é esse que substituam a calçada ali. E noutros locais semelhantes. Que façam a manutenção das calçadas. Que multem pesadamente os carros estacionados em cima dos passeios, danificando-os. Que encontrem soluções para melhorar e preservar os passeios que fazem parte dos postais das cidades, e se tornam fotos de turistas. Mas resolver o problema substituinda a Calçada por qualquer outra coisa antiderrapante, é que não.

Começo a pensar que existe um plano generalizado para desfear as nossas cidades; começaram com o abate de árvores e supressão de canteiros nos centros das cidades ( vide Porto antes e depois e Guimarães antes e depois), e agora atacam a Calçada.

Dizem os defensores da remoção da Calçada que é apenas em alguns sítios. No entanto, depois do processo começar torna-se praticamente impossível pará-lo e controlá-lo. Para além disso, abre portas para réplicas do mesmo  noutras localidades, pelo país fora.

Já decorre uma petição contra esta intenção do presidente da Câmara de Lisboa, e claro entretanto, as opiniões dividem-se.