segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Uma Igreja incompleta


Via
Parece que dia sim, dia não, o Papa Francisco é notícia; por vezes chamam-lhe conservador, outras vezes acham-no progressista. Afinal é o quê?

Cada vez que um  Papa é eleito renasce a esperança que seja alguém mais aberto a mudanças. Que encare a realidade do século XXI e adapte a Igreja em conformidade. Porém, acabam todos por afirmar que são as pessoas que devem adaptar-se à Igreja.

Há muitas coisas na Igreja Católica que não me agradam, mas desta vez, opinarei somente sobre a rejeição das sacerdotisas. É uma opção que não entendo, nem posso aceitar.
A Igreja acolhe, e incentiva inclusivamente, a colaboração das mulheres nas Paróquias, em todas as actividades, desde a limpeza, decoração, catequização, e participação na Eucaristia, dando a Comunhão, no Coro, e passando o cesto da colecta. A mulher é aceite em todas as tarefas, excepto no altar. E porquê? Pergunto eu.

Podem ser freiras, estar por detrás de vários Movimentos da Igreja, na organização de eventos católicos, e até no Vaticano, porém, sempre em segundo plano. Sempre subalternas.

Não será a mulher digna de transmitir a palavra de Deus, em igualdade com os sacerdotes? Porque tem que ser prerrogativa do homem se depende apenas da vocação?
Será que essa opção é ainda uma penalização por ter sido a mulher a responsável "pela saída do paraíso"? A Igreja atribui muita culpa à mulher, relativamente a várias situações, culpa essa que carregamos até hoje, e consequentemente, apenas ousamos balbuciar que deveríamos ter direito a isto e aquilo. Não reclamamos, nem exigimos. Porque a culpa incutida durante séculos nos tira o poder para o fazer.

Assisti uma vez a uma missa anglicana, celebrada por uma sacerdotisa; bendigo a hora em que entramos na catedral de St.Paul e essa experiência nos foi proporcionada. A voz suave e tranquila da sacerdotisa entoou pela catedral como um cântico divino. Sentimo-nos inundados por um bem-estar inesperado , que nos levou a prolongar o nosso tempo, muito após a celebração eucarística. As crianças adormeceram nos bancos. E ali ficamos em silêncio, ainda submersos por aquela  experiência impar.

Acredito que a vivência diferenciada da mulher pode ser uma mais-valia para a Igreja; que a personalidade feminina apresenta outra perspectiva, outra sensibilidade. Vem complementar uma forma de  interpretar a realidade e as pessoas.
Para mim, a Igreja sem sacerdotisas fica incompleta, como se de alguma forma não fosse capaz de ouvir e ver plenamente. E de agir em consonância.

Um Papa, um sacerdote, uma pessoa, que não compreenda a presença da Mulher no altar,  não é, definitivamente, um progressista.