quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Brincar agora e sempre!

Via
Num Mundo onde tudo se consome e descarta rapidamente, a Infância corre perigo. Tanto se fala e escreve sobre a importância dos primeiros anos da vida das crianças, como se faz o contrário, acelerando o processo para que esta etapa da vida passe rapidamente.

Meninas que vestem roupa desadequada à idade delas, sexualizando-as de forma perigosa. Excepções que se tornam hábitos, como pintar as unhas e fazer madeixas no cabelo. Brincadeiras tradicionais que são discriminadas em favor das redes sociais. E muitos outros sinais, estão aí, como indicadores de que a Infância é menosprezada pela sociedade.

Um outro sinal, mais pessoal, é a ausência de brinquedos no quarto das crianças. Parece-me que os pais estão com pressa para "desaparecer" com eles, talvez por uma questão de arrumação. De falta de tempo para manterem os espaços arrumados. Isso faz-me imensa impressão.

Já por diversas vezes tive que explicar que a Letícia ainda brinca com bonecas e comidinhas. Não me parece nada de especial, afinal ela acabou de fazer onze anos. No entanto, parece ser algo excepcional, devido ao facto de muitas meninas da idade dela já não gostarem de brincar. À minha filha, costumo tranquilizá-la, dizendo que eu brinquei com bonecas até aos quatorze anos; tinha irmãs mais novas, o que naturalmente proporcionava essas brincadeiras. E a Letícia, por sua vez, já tem tido que se justificar perante as suas amigas, e colegas.
Não há nada de errado em brincar com bonecas, durante o tempo que apetecer à criança. Não me parece é que deva ser desmotivado, muito menos ridicularizado.

Errado está, nesta idade, pensar que já podem  pôr um piercing. Ou escrever no FB " em relação com...". Muito errado e preocupante, na minha opinião.

Estes dias, a Letícia chamou-me ao quarto dela. Queria que eu fosse cliente, no seu restaurante. Sentei-me no chão, em frente à mesa já posta.

- Ai que bom, este restaurante é daqueles em que se vê a cozinha! Digo eu.
- Pois é! Gosta porque assim aprende as receitas, não é ? Perguntou ela no papel de cozinheira.
-Sim, e vejo as condições em que se cozinha aqui. Gosto muito das suas panelas; um dia vou ter uma igual, Le Creuset vermelha.
- Bem, posso sugerir-lhe figado ?
- Alto lá! Gosto de figado mas não desse, humano! Aponto enojada, para o Corpo Humano, de onde ela tira o figado.
- Ó mãe, tens que imaginar! É daquele que gostas.
- Ah....mas não, hoje vou optar por uma refeição vegetariana.
- Está bem, também pode ser.
E serve-me uma refeição deliciosa.

Saí satisfeitíssima do restaurante da Letícia. E claro que lhe deixei uma gorjeta choruda, que a deixou muito feliz!