quarta-feira, 4 de maio de 2011

Odor de gente, ou de detergente?!

Há perfume para casa, para a roupa, para o carro e para as pessoas. Não duvido que também exista perfume para os animais de estimação, se existem roupas. E coleiras com pedras preciosas. Coitadinhos. O ser humano gosta de ambientes perfumados, e faz de tudo para camuflar os maus cheiros, e até aqueles que não sendo maus, são apenas naturais, como o cheiro da própria pele.

Não é de agora;  sabemos que em culturas longínquas no tempo, como a egípcia, as classes mais abastadas já  usavam o perfume, isto em 3.000 a.c. . Eram feitos à base de óleos de flores, completamente naturais. Em 1370 foi feito o primeiro perfume alcoólico, para a rainha Elizabeth da Hungria, mas nem isso o tornou acessível a todas as classes; continuou a ser um produto refinado, destinado às elites. Ainda no sec. XX a situação se mantinha, e a maioria da população que poderia dar-se ao luxo de se perfumar fazia-o com água de colónia, um produto muito mais económico.

Contudo, o perfume por excelência era "o francês", ainda inacessível a quase todas as camadas sociais. Eram adquiridos nas raras boutiques ou perfumarias que os disponibilizavam, ou comprados pelas poucas senhoras que viajavam para fora do país. Nessa época uma senhora podia passar toda a sua vida a usar a mesma marca de perfume; essa era a sua marca. Esse aroma identificava-a, junto de familiares e amigos. Era o seu perfume!

Entretanto, a alta perfumaria começou a produzir massivamente, os preços tornaram-se competitivos, o poder de compra cresceu, o que resultou num negócio que gera milhões de euros e numa população emperfumadíssima. 

Acreditem, não tenho nada contra os bons cheiros, porém, frequentemente acho que é um abuso! Algumas pessoas parecem despejar um frasco de cada vez que põem perfume, de forma que deixam um rasto atrás delas, enjoativo e sufocante. No ano passado, quando levava as crianças à escola a pé, costumávamos apanhar um perfumado destes; invariavelmente o ultrapassávamos rapidamente ou mudávamos de passeio. Isto ao ar livre, porque imaginem entrar com alguém assim num elevador. Ou ficar numa sala de espera onde não cheira a mais nada, exceto o perfume "daquela pessoa".

Há dias a Letícia falou-me que um coleguinha " não tinha cheiro"; achei a afirmação inusitada e conversei com ela a respeito do assunto. Concluí que todos os coleguinhas têm cheiro, porque põem perfume, ou a roupa tem cheiro. Referia-se ao amaciador, o que não me deixou de todo espantada, porque já tinha constatado que a maioria das pessoas abusa do detergente e amaciador para a roupa.

Dizem os especialistas que todos temos um "odor" pessoal, e que frequentemente é esse odor que atrai, ou  repele os nossos companheiros. Ignoro se os perfumes que usamos camuflam o nosso odor e nos levam ao erro, nas nossas apreciações. Mas uma coisa é certa, se eu não gostar do perfume que a pessoa escolheu, certamente também não vou gostar do seu odor pessoal!

Na minha opinião, o perfume deve ser colocado por detrás do pescoço, no peito e nos pulsos; onde permanece mais tempo, e onde em contacto com a nossa pele vai adquirir propriedades únicas. Nunca na roupa, que pode estragar, e onde se adultera. A quantidade deve ser a suficiente para que  seja sentido apenas por quem se aproxima realmente muito de nós.
Eu tenho um perfume mais leve para o tempo quente, e um mais profundo para o tempo fresco. Não sendo fiel como as senhoras de outrora, gosto de dar tempo a mim, e a quem me rodeia para me  identificar com um cheiro. Gosto quando os meus filhos me abraçam, e dizem: - Cheiras tão bem, mãe!

Ironicamente, desde que estou em casa uso muito mais perfume; se sair de casa muito cedo, e andar de carro ou transporte público, não posso usar perfume, porque me enjoa imenso. Não sendo o caso, cheiro a 5th Avenue de Elizabeth Arden. Só para mim, e para os meus!

Até breve!