segunda-feira, 4 de abril de 2011

O meu Português, o do meu avô, e o seu


Uma das decisões que tinha tomado para o início deste ano, era começar a escrever segundo as regras do novo acordo ortográfico. Apesar de não o compreender, de o rejeitar, assinei a petição na net,  de o criticar, muito antes de ele ter sido sequer assinado e imposto, como fiz aqui, não havia forma de o apagar. Portanto... - Se não os podes vencer, junta-te a eles! Não no inicio do ano, mas no início de abril.

Nós habituamo-nos aos sítios, às pessoas, à forma de fazer determinadas coisas, e até nos habituamos a pensar de uma certa maneira, por isso é tão difícil o confronto com outras formas de pensar, que quando somos obrigados a sair dessa rotina, zona de conforto, como se diz agora, não gostamos nada, e reclamamos muito.

Como terá reagido o meu avô paterno à mudança do seu sobrenome? Quando em vez de Sampayo, passou a assinar Sampaio? Será que pensou: - Ora, se o y nem sequer faz parte do alfabeto, porque o usamos nós? Ou será que lhe causou pena e nostalgia a deturpação do sobrenome grego*, dos nossos antepassados?
Não sei. Sei apenas que tenho livros onde está assinado de uma forma, e noutros já com a grafia actual, portanto, gostando ou não, ele aceitou a mudança.

Os portugueses não estão satisfeitos com este Acordo, os brasileiros também não, e suponho que ninguém esteja. Não compreendo a insistência dos políticos na imposição deste Acordo, muito menos a dos linguístas, porque como muito bem eles sabem: quem faz a língua é o povo.
Não vale a pena unificar, porque o português falado em Portugal e nos outros países irá sempre evoluir de forma diferente. Só não evoluem as línguas mortas, com o o Latim. Mas entretanto, que nos resta fazer? Descarregar o Lince e engolir a pastilha! Glup. A seco.

E você, caro leitor, quer embarcar nesta aventura ortográfica comigo, ou ainda vai esperar mais um pouco?

Até breve!

* Segundo alguns linguistas Sampaio deriva do grego "Pelagio", do tempo em que este povo esteve na Península Ibérica.