sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A evolução dos nomes próprios em Portugal


Há uma canção dos “Humanos”, muito engraçada, que diz no refrão: “ Maria Albertina, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina?”.
Muita gente trauteia, o meu filho é um deles, acha-lhe piada. No entanto, a letra é uma critica certeira aos nomes que os portugueses escolhem para os seus filhos.

Já disse aqui antes que não gosto de nomes de moda (aparte: se me disser que os dos meus filhos estão nessa classe, vou responder que quando nasceram não estavam!), porque se tornam muito vulgares; há uma data de Marias e Gonçalos na mesma sala, obrigando à distinção pelo sobrenome. E isso desagrada-me.
Mas, parece que a maioria dos portugueses gosta. Então a selecção vai ficando reduzida; há nomes que entraram totalmente em desuso. Se me recordar dos nomes das minhas colegas, na primária, só havia dois repetidos (Fernanda!), e uma lista variável de nomes que actualmente ninguém utiliza. Estou a lembrar-me, por exemplo, de Luzia, Elvira, Antónia, Natália, Conceição, Alzira…

E que nomes escolheram estas minhas colegas, para os filhos? Muito provavelmente, Diogo, Gonçalo, Tomás, Leonor, Beatriz, Maria, Catarina… E têm todo o direito. Mas… os “ Humanos” também têm razão! Como diz a canção “ esse teu nome não é um espanto, mas é cá da terra, e tem muito encanto”.
Convenhamos que é um pouco estranho…Maria Albertina, tem uma filha chamada Vanessa?! Mas é assim, é a evolução, é a moda, é a globalização.

E sempre foi assim, cada povo que invadiu a península e aqui se instalou trouxe consigo nomes que ficaram e se propagaram. E vinha outro que trazia novos nomes, e os anteriores eram esquecidos. Alguns ficaram até hoje, porém, se assim não fosse muitos de nós ainda nos chamaríamos : Valida, Vivilde, Trutesendes, Brízida, Múnio...Por mim, acho muita graça a Trutesendes! Fica para minha próxima filha. Noutra vida. E noutro planeta!

Também acho muito bem apanhado, como a canção termina: “ É bem cheeinha e muito moreninha”, repetido várias vezes. O nome muda, mas o biótipo da criança mantém-se. Continua a ser tipicamente portuguesa! E isso não há moda que apague.

Bom fim de semana!