sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quem é Gil Eannes?

Sabe quem foi Gil Eannes? Um navegador português, mas não um qualquer, foi aquele que em 1434 dobrou o Cabo Bojador, conhecido pelo Cabo do Medo, pois ignorava-se o que estaria para além, e deu assim impulso ao glorioso período dos Descobrimentos portugueses.

Porém, este Gil Eannes de quem quero falar é o navio-hospital, que recebeu do navegador o nome, numa bonita e merecida homenagem.
Foi construído nos estaleiros navais de Viana do Castelo, em 1955, e o seu objectivo era prestar assistência médica à frota bacalhoeira, nos mares da Terra Nova e Gronelândia. Não somente à frota portuguesa, mas às de todas as nacionalidades, salvando milhares de vidas. É único no mundo!

Em 1997 o navio tinha-se tornado obsoleto e condenado ao desmantelamento. Foi resgatado da sucata in extremis e reconduzido ao porto de origem, onde lhe foram feitos restauros, tornando-se num navio-museu.

No sábado passado fomos a Viana do Castelo e fizemos uma visita ao Gil Eannes, que está na antiga doca comercial; as crianças adoraram percorrer um navio daquela dimensão, descobrir os quartos, salas, sala de jantar, cozinha, padaria, consultórios, salas de cirurgias, sala de comando e máquinas. No entanto, o mais fascinante, para a “Geração sem fios”, terá sido talvez a sala das telecomunicações, com os seus complexos aparelhos, repletos de fios e cabos!

É uma viagem no tempo; a uma época em que a vida era muito dura, as condições de trabalho precárias e o risco de vida permanente.
Aconselho muito a visita; vá admirar uma daquelas coisas que nos orgulha de ser portugueses e contribuir para os restauros que a Fundação Gil Eannes ainda tem para fazer. Adultos 2 euros. Crianças até aos seis anos grátis.

Incomparavelmente melhor do que passar uma tarde num hipermercado. Ou no shopping!

Bom fim-de-semana!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Da série: Presentes de Natal faça você mesmo

(Da série: "presentes de Natal manuais I I ")

Quem não gosta de doces caseiros? Toda a gente. No entanto, na maior parte dos casos compram-nos. Porque não têm tempo livre para os fazer, porque não sabem, porque têm preguiça. Que interessa o motivo?

O que interessa é que nos abre uma porta para mais um presente de Natal, de qualidade, feito por nós mesmas. E convenhamos: doce de abóbora é do mais fácil que há!

Receita:
-1kg de abóbora, limpa, cortada aos cubos
-750 gr de açúcar
-6 paus de canela
- casca de laranja e alguma raspa a gosto

Colocar todos os ingredientes numa panela, em fogo médio. Ir mexendo, e deixar ferver, até a abóbora cozer e começar a desfazer-se. Ponha um pouco de doce num prato e se fizer estrada ao passar com uma colher, está pronto.

Lave os frascos em água a ferver, escorra e encha até cima com o doce. Coloque a tampa e feche, hermeticamente. Cole uma etiqueta com o nome do doce. Recorte em papel castanho uma rodela, coloque na tampa, fechando com uma fita de ráfia. Pronto!

Dica extra:
Eu fiz 1,500 gr de abóbora, com 1 kg de açúcar; rendeu-me 4 frascos de doce.
Dá uma óptima sobremesa: em pratos individuais coloque queijo branco pasteurizado às fatias, doce de abóbora por cima, enfeitado com nozes picadas grosseiramente. Adoro!

Até breve!
Actualização: destaque do post no Casa claridade

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Compras de domingo


Entrou, ontem, em vigor a lei que permite aos hipermercados ficarem abertos, aos domingos até à meia-noite.

Os empregadores afirmam que numa altura de crise estas medidas são necessárias, que irão criar mais postos de trabalho, e que o horário alargado, vai permitir a mais  pessoas irem às compras.

Qualquer pessoa ligada ao comércio sabe que o domingo não é o dia em que mais se vende; poderá até ser o dia em que há mais pessoas, ou pelo menos muitas pessoas, a frequentar os espaços comerciais, mas não necessariamente a comprar.

Os portugueses adoram passear-se pelos hipermercados e shoppings, aliás, não conheço país como este, onde shoppings proliferam como cogumelos (venenosos, claro), sendo um dos destinos mais populares de fim-de-semana. São, porém, áreas de passeio.

Quanto aos postos de trabalho, só os ingénuos acreditarão que serão criados, pois os empregadores irão utilizar os funcionários que já têm, redistribuindo novos horários, e utilizando os do tempo parcial, que costumam ter.

Na verdade, esta é mais uma medida tomada em tempos de crise, que somente visa aumentar os lucros dos empregadores, diminuindo os direitos dos trabalhadores.

Ninguém deixa de fazer compras pela inconveniência de horários; aliás, na era da internet, as compras podem ser feitas online e entregues em casa.

É para mim, dos direitos mais básicos do ser humano, ter tempo para estar com a família.
Compreendo que há áreas onde é necessário trabalhar ao domingo – profissionais da Saúde, da Polícia, etc. – mas não do comércio! Já trabalhei em hotelaria e sei como se tornou incomportável para mim, quando quis ter uma vida familiar. Sei como era complicada a vida pessoal e familiar dos meus colegas. Por isso saí.

Com esta lei, a vida social e familiar de quem trabalha nesta área ficou muito fragilizada; pais que não estarão com os filhos, no único dia possível para ambos, já pensou?! É mais uma machadada nos valores familiares, de uma sociedade que trocou a família pelo dinheiro, esquecendo que as sociedades sobrevivem sem dinheiro, mas não sem pessoas. Não sem pessoas bem-formadas.

Alguém nos perguntou alguma coisa a este respeito? Não, o governo cedeu a lobbies, ponto. Contudo, somos nós os compradores, e podemos responder com  uma atitude:  
- Não fazer compras ao domingo!

Tenha uma óptima semana !

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A evolução dos nomes próprios em Portugal


Há uma canção dos “Humanos”, muito engraçada, que diz no refrão: “ Maria Albertina, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina?”.
Muita gente trauteia, o meu filho é um deles, acha-lhe piada. No entanto, a letra é uma critica certeira aos nomes que os portugueses escolhem para os seus filhos.

Já disse aqui antes que não gosto de nomes de moda (aparte: se me disser que os dos meus filhos estão nessa classe, vou responder que quando nasceram não estavam!), porque se tornam muito vulgares; há uma data de Marias e Gonçalos na mesma sala, obrigando à distinção pelo sobrenome. E isso desagrada-me.
Mas, parece que a maioria dos portugueses gosta. Então a selecção vai ficando reduzida; há nomes que entraram totalmente em desuso. Se me recordar dos nomes das minhas colegas, na primária, só havia dois repetidos (Fernanda!), e uma lista variável de nomes que actualmente ninguém utiliza. Estou a lembrar-me, por exemplo, de Luzia, Elvira, Antónia, Natália, Conceição, Alzira…

E que nomes escolheram estas minhas colegas, para os filhos? Muito provavelmente, Diogo, Gonçalo, Tomás, Leonor, Beatriz, Maria, Catarina… E têm todo o direito. Mas… os “ Humanos” também têm razão! Como diz a canção “ esse teu nome não é um espanto, mas é cá da terra, e tem muito encanto”.
Convenhamos que é um pouco estranho…Maria Albertina, tem uma filha chamada Vanessa?! Mas é assim, é a evolução, é a moda, é a globalização.

E sempre foi assim, cada povo que invadiu a península e aqui se instalou trouxe consigo nomes que ficaram e se propagaram. E vinha outro que trazia novos nomes, e os anteriores eram esquecidos. Alguns ficaram até hoje, porém, se assim não fosse muitos de nós ainda nos chamaríamos : Valida, Vivilde, Trutesendes, Brízida, Múnio...Por mim, acho muita graça a Trutesendes! Fica para minha próxima filha. Noutra vida. E noutro planeta!

Também acho muito bem apanhado, como a canção termina: “ É bem cheeinha e muito moreninha”, repetido várias vezes. O nome muda, mas o biótipo da criança mantém-se. Continua a ser tipicamente portuguesa! E isso não há moda que apague.

Bom fim de semana!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

“Comer orar amar”, não é para todos!

Não li o livro, mas tinha referências dessa leitura e por conseguinte fiquei atenta, à saída do filme. Queria mesmo vê-lo. Além disso, é protagonizado pela Júlia Roberts, uma das minhas actrizes preferidas, da actualidade.

Há muitos anos, li algures sobre uma pessoa que se tinha procurado pelo Mundo todo e veio a encontrar-se no seu quintal. Obviamente, isto é uma metáfora; a descoberta sobre “ quem sou eu” é feita a partir do nosso interior, e para isso não necessitamos sequer de sair de casa.

Contudo, suponho que esta vontade de deixar tudo para trás e ir em busca de algo, seja muito vulgar e comum a muitas pessoas. Como eu adoro viajar, passar um ano inteiro a “viver” pelo Mundo, parece-me fantástico; no entanto, só o faria levando a família atrás. Quem não quereria?

É preciso coragem e consciência, para abandonar uma vida. A maior parte das pessoas não devem faze-lo, ainda que o desejem e tenham até coragem, porque não podem, porque tem consciência. Mas esta tal Elizabeth pôde, teve coragem e fez!

Foi arrumar as prateleiras, passeando por Itália, Índia e  Bali. E funcionou. Com ela funcionou.

Para aqueles espectadores que esperam um filme típico da Júlia Roberts, o filme poderá ser algo decepcionante. Este vai um pouco mais além; temos uma personagem que quer encontrar o amor ( quem não quer?!), mas antes disso deseja encontrar-se com  ela própria. O que se vê frequentemente nas histórias de amor, são pessoas à procura de outrem, para escaparem a elas próprias. Por isso gostei do filme e aconselho.
A pessoas que simpatizem com a ideia do auto-conhecimento.

Até breve!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Presente de Natal – Faça você mesmo

(Da série: "presentes de Natal manuais I " Hidratante natural)

Cedo? Isso pensei eu em Setembro, quando li pela primeira vez a referência ao próximo Natal, num blogue, mas não é. Sobretudo, se você como eu, estiver cansada de correr lojas a fazer compras de Natal e pretender antes fazer os presentes. Mãos à obra, comigo?

Vamos começar com um hidratante natural, para adeptos dos produtos naturais e para aqueles que ainda não conhecem, mas estão receptivos a experimentar coisas novas.

Confesso que quando me falaram nisto senti alguma incredulidade, achei que a pele ficaria demasiado oleosa, no entanto disseram–me que o azeite, sendo natural,  era imediatamente absorvido, testei e assim foi. Ficou um ligeiríssimo odor a azeite, que será suprimido com o auxílio das ervas aromáticas.

Tudo o que vai precisar:
1.    Um frasco de vidro, do tamanho que desejar, com rolha (comprei de vidro reciclado)
2.    Azeite natural, q.b. .
3.    Ervas aromatizantes; no meu caso, alfazema do meu jardim.

Como fazer:
Introduza a alfazema no frasco, encha com azeite e feche bem. Deixe repousar até ao Natal, para que o aroma da erva se solte e neutralize o cheiro do azeite.
Cole uma etiqueta personalizada e decore com uma fita de seda ou ráfia.
Presente pronto!

Acredite, a energia e amor que dedicou a este presente, vai torná-lo muito apreciado.

Tenha uma óptima semana!
Actualização: destaque do post no Casa claridade

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eu não quero comer transgénicos!



Quando eu tinha 10 anos as quintas que nos rodeavam eram inúmeras e trabalhavam a 100%. As vacas comiam erva, os campos eram fertilizados com estrume (que empestava o ar), e os agricultores produziam tudo o que necessitávamos para a nossa alimentação. Os agricultores não compravam sementes, conservavam-nas do ano anterior.

Quando eu tinha 20 anos, muitos agricultores já se tinham reformado, os filhos encontrado empregos noutras áreas, numa recusa à dureza da vida agrícola. Muitos campos tinham sido transformados em prédios.

Quando eu tinha trinta anos, os agricultores foram multados por produzirem demais; leite, por exemplo. Indemnizados, como incentivo para arrancarem as suas vinhas e oliveiras.

Recentemente a Comissão Europeia, numa concessão aos lobbies, aprovou a criação de plantações geneticamente modificadas na União Europeia! E com isso, a agricultura deixa definitivamente de pertencer aos agricultores, passando para os governos e indústria.

Com a criação artificial de sementes a indústria detém o poder. Os agricultores têm que comprar as sementes e não as podem guardar.

Há 10 anos que os transgénicos são produzidos no mundo e milhões de pessoas e animais comeram transgénicos. Os estudos sobre as consequências têm sido feitos pela própria indústria, todavia há vozes de cientistas independentes, como Manuela Malatesta, que têm vindo alertar sobre os perigos, para a nossa saúde.

Desconhecemos quase tudo sobre os transgénicos; não sabemos qual a quantidade de toxinas fica no solo, em milhões de hectares onde os transgénicos são cultivados. Ignoramos  as consequências para a diversidade de insectos, como por exemplo, as abelhas. Não sabemos as verdadeiras consequências para nós.

Assusta-me pensar que as sementes que nos foram oferecidas pela natureza desapareçam, porque se não forem utilizadas vão deixar de ter utilidade. E pode até ser que os transgénicos alterem as sementes naturais. Há bancos de sementes na Noruega, uma medida de precaução, para situações extremas. Contudo, parece que a situação irá acontecer sem que nada de extraordinário, uma catástrofe, por exemplo,  suceda no Mundo. Somente uma lei que aprova a criação de vida, porque é isso de que se trata, na criação artificial de sementes.

Acho tudo isto uma loucura! No entanto, até parece normal que leis sejam aprovadas, na Comunidade Europeia, mesmo sem consenso. E ninguém acha estranho. 
A AVAAZ estima que 60% dos europeus são contra esta permissão da C.E. , porém, eu creio que 99 % dos europeus são contra: 60% afirmam-no categoricamente e os restantes 39% só não estão informados. O restante 1% ? Esses são a favor, porque vão ganhar com isso!

Mais uma vez, outro atentado se vai fazer contra a natureza e humanidade. E os agricultores não têm culpa nenhuma.

Eu não quero comer transgénicos, e embora pareça que serei obrigada a isso, vou dar luta; assinei a petição da AVAAZ e continuarei a falar alto contra esta imprudência.
 
E você? Está indeciso? Leia mais aqui. 
Mas não fique indiferente ao mundo que está a ser des construído  para os nossos filhos; esta será a nossa herança. 

Bom fim de semana!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Apanhador de sonhos: acabe com os pesadelos infantis!




Quando a Letícia tinha uns 4 anos começou a queixar-se, mais do que seria aceitável, de pesadelos. Conversando com ela, constatava que os sonhos eram assustadores para uma criança pequena, mas não propriamente para mim. Ou seja, não eram sinais de alarme, eram expressões de medos, que fazem parte do crescimento, e da aprendizagem da criança, o que pode, isso sim, ser terrivelmente assustador.

Nós esquecemos esse processo, a infância ficou lá para trás, porém, são medos para levar a sério. E devemos fazer tudo, para ajudarmos os nossos pequenos a ultrapassa-los. Nem que seja com a ajuda do "apanhador de sonhos".

Não acredita no poder milagroso do apanhador de sonhos? Pois eles são tradicionais na tribo norte-americana Ojibway, eram usados para proteger as crianças dos pesadelos. Diz-se que devem ser feitos com energias amorosas, entoando cânticos e rezas, para os tornar eficazes.

Está certo, continua a não acreditar em nada disto? Mas o que interessa isso? Se o apanhador de sonhos, vai ajudar o seu filho a sentir-se protegido de pesadelos, e vai tornar a hora de dormir mais descontraída...sinceramente, o que interessa que você acredite ou não?
Funcionou com a Letícia!

E para ser realmente eficaz, tal como diz a lenda, quem mais amorosamente será capaz de fazer um apanhador de sonhos? A mãe, claro. Ou a tia, ou a prima. Alguém que de facto ame a criança.

Tudo o que precisa encontra na drogaria e retrosaria:
Um aro de metal, com 12 centímetros de diâmetro.
Fio nylon nas cores que desejar -  1m + 2m.
Fita de seda - 1,5 m.
Missangas de cores variadas.
Penas- 4- e outros penduricalhos do seu agrado. Eu usei sininhos- 2- e um pequeno buda.

Como fazer:
Feche o aro de metal, cobrindo-o com a fita de seda. Deixe uma ponta solta, para pendurar. Comece por dar um nó, com o fio de nylon,  num sítio do aro, estique, introduza uma missanga, dê outro nó, num espaço adiante. Vá repetindo o gesto, em volta de todo o aro. Passe para baixo, até preencher todo o espaço.
Corte as fitas de seda e os fios nylon, em tamanhos diferentes, e prenda as penas e penduricalhos, terminando com as missangas. Ate ao aro.
 Está pronto!

Na verdade, há mais formas de "tecer" o apanhador de sonhos, pode até inventar. De certeza que no final, vai agradar muito ao seu pequeno. E não se esqueça de lhe contar, como os pequenos índios dormiam tranquilamente protegidos nas suas tipis, pois os apanhadores de sonhos agarravam na sua teia os sonhos maus!

Até breve!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O valor do dinheiro

Tenho notado que é assunto tabu entre pais e filhos; como se de alguma forma os pais tivessem somente que ganhar o dinheiro e o esforço para isso fosse de somenos importância. E parece-me errado, pois com isso os pais estão a descurar a educação financeira dos seus educandos.

Conheço casos de pais que ganham o ordenado mínimo, ou pouco mais, e ainda assim compram PSP’s, sapatilhas de marcas e telemóveis de última geração aos filhos, gastando quantias, que comportam um esforço financeiro para a família, muito pouco razoável.

Muitas vezes, estes pais trabalham horas extras, acumulam um segundo emprego, para poderem proporcionar aos filhos estes aparelhos e roupas de marca, abstendo-se de despenderem qualquer quantia com eles próprios.

Os filhos querem e pedem, e os pais concedem porque…por variadíssimas razões; querem proporcionar tudo o que não tiveram aos filhos. Desejam agradar-lhes. Não querem que os filhos se sintam inferiorizados, perante os amigos. E querem mostrar que podem.

Acontece que muitas vezes não podem. E outros pais podem. No entanto, uns e outros têm em comum uma queixa; reclamam que os filhos têm tudo, sem esforço, porém não valorizam nada, e nada agradecem.

E isto acontece porquê? Devido ao tabu do tema “dinheiro”. Tanto aqueles pais que fazem sacrifícios enormes, para poderem proporcionar aos filhos o que eles precisam, e desejam, como aqueles pais que auferem rendimentos mais elevados e o fazem sem sacrifícios, devem enfatizar o valor do dinheiro, sempre que algo é comprado.

Seja porque o pai trabalhou na fábrica durante 15 dias, para poder pagar o telemóvel, seja porque o pai é advogado e fez serões no escritório, abdicando de tempo em família e repouso, há um esforço de trabalho que deve ser valorizado e expresso verbalmente, aos filhos.

Quando o meu filho se põe a dar pontapés em pedras, eu chamo-lhe a atenção, dizendo para não estragar as sapatilhas, que foram caras por serem de boa qualidade, e que só deixará de as calçar quando já não lhe servirem. Não por as ter estragado propositadamente. Relembro-lhe que o pai se levanta cedo e trabalha até tarde, para ele poder ter calçado confortável, entre outras coisas. E que deve respeitar esse esforço do pai.

Há dias, passando em frente a um café com uma publicidade a uma bebida de sumo gasosa, a Letícia pediu-me que lha comprasse. Eu respondi que em vez disso, quando chegássemos a casa lhe faria um sumo de laranja natural; que o preço da gasosa no Café daria para fazer vários sumos naturais, muito mais saudáveis. Ela aceitou de boa-vontade e deliciou-se com um sumo e duas torradas, ao lanche.

Contrariamente ao que possa imaginar, toda esta conversa não é vã; algo fica a ecoar, nem que seja no inconsciente dos nossos filhos. E aos poucos eles vão interiorizando, que tudo aquilo que se “compra”, implica uma troca: dinheiro por um bem, dinheiro esse, também ele uma troca, no qual os pais entregaram trabalho, tempo das suas vidas e por vezes muito esforço.

Isto também é amar; ensinar os filhos a valorizar o dinheiro e a mostrarem-se gratos aos pais, por lhes proporcionarem o que precisam e desejam.

Até breve!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Que canal escolhemos?!


Neste verão a notícia televisiva bombástica foi a mudança da apresentadora Fátima Lopes* da Sic, para a TVI, o canal rival. A perplexidade foi geral, mas os números envolvidos neste negócio era demasiado altos, a ponto da própria apresentadora ter dito que “ a oferta era irrecusável”.

Foi portanto, com alguma curiosidade que assisti estes dias a uns minutos do novo programa desta apresentadora. Porém, desta vez, eu é que fiquei perplexa!

É que apesar dela ser uma apresentadora um bocado chorona para o meu gosto (ó lágrima fácil!), na SIC ela apresentava um programa que tinha um certo nível. Este novo programa da Fátima Lopes é a versão feminina do Fernando Mendes, "O preço certo" , ou lá o que é, da RTP1.  Não me interessa o tema, o público aos berros e gritos torna aquele cenário numa autêntica feira, uma peixeirada insuportável, para quem só um cheque chorudo serve de incentivo, no final do mês.

Estou convencida, que este plano da TVI, para acabar com a apresentadora rival da SIC, é bastante perverso; em lugar de a integrarem e lhe darem um programa de qualidade, como seria de esperar, arrumam com ela, dando-lhe um programa de nível infra-cerebral!

Há uns 2 ou 3 anos, a apresentadora Fernanda Freitas, fez exactamente o inverso; rescindiu com a SIC, deixando um programa fácil e popular, para dar a cara (e cérebro), a um programa novo, num canal pouco visto, que por acaso é o canal que eu mais vejo, a RTP2. Na altura, ela mesma disse que a mudança se deveu à qualidade do trabalho.

Conseguem ver a diferença entre uma e outra? E depois ainda me dizem, que abdicar do trabalho, para ficar com os filhos em casa é abdicar da independência; eu digo que há muitos tipos de dependência e que se podem servir muitos senhores. O do dinheiro, por acaso, não é o meu favorito.

E depois disto, está como certo que nunca mais voltarei a ser convidada para entrevistas na TVI! Vou ter que me contentar com o blogue; aqui vou continuar a falar o que penso, porque essa liberdade, ainda ninguém ma comprou!

Bom fim de semana!

* Leitores brasileiros: Fátima Lopes é a equivalente da Oprah portuguesa. Na versão branca.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Educação de filhos. Rapazes e maridos.

Quando engravidei do meu primogénito e conversava com uma colega minha, a respeito da preferência dos sexos dos bebés (ela que tinha uma menina, e não tencionava ter mais), disse-me: - Estou muito contente por não ter um rapaz, porque esses casam e afastam-se dos pais.

Na altura concordei, até porque conheço muitos casos assim, mas confesso que rapidamente esqueci o assunto. Entretanto, este é um tema que me tem de certa forma fascinado e sobre o qual tenho reflectido. Há dias, ouvi na num programa, uma mãe idosa chorar, enquanto contava que o filho não a visitava há 3 anos. Como se justifica uma coisa destas, quando a relação entre ambos foi sempre boa - dita normal- não havendo uma razão clara que levasse a um afastamento ?

É apenas um caso? Não, é muito mais comum do que se imagina. Talvez o espaço de tempo seja menor, mas é a realidade, que um filho casando se afasta progressivamente da sua família natural, na proporção em que se aproxima da família da mulher.

Começa da forma mais simples; o filho quer visitar os pais, mas a nora não. A principio vai contrariada, depois começa a inventar desculpas para não ir, ele vai sozinho, porém quando regressa a casa encontra uma mulher amuada, que lhe faz sentir claramente que não aprova estas visitas. Ele insiste ainda algumas vezes, mas sendo o resultado sempre o mesmo, acaba por não querer chatear-se, e vai espaçando as visitas aos pais. Cada vez mais. Harmonia no lar!

Eu até posso compreender estas mulheres; não simpatizo com elas, mas compreendo-as. São mulheres possessivas, egoístas e com baixa auto-estima.

Uma mulher segura de si própria, sabendo distinguir entre os tipos de amor que o marido sente, por ela e pelos pais dele, não se sentirá ameaçada com os sogros.

Uma mulher generosa, compreenderá que assim como ela aprecia os momentos passados com a sua família natural, o marido também sentirá o mesmo.

Uma mulher justa, não quererá tirar ao marido, aquilo de que ela própria não quer abdicar, nem deixaria que lhe tirassem.

Quem eu não tenho a certeza de compreender são estes maridos, que acabam por se dobrarem às vontades das mulheres, e se afastarem das suas famílias naturais. Será fraqueza de carácter? Ou o amor que sentem pelas suas famílias é dispensável e passageiro?

Não querendo dar uma de psicóloga, analiso a situação assim; em última instância, os filhos são criados e educados, sobretudo, pelas mães e se o amor deles se esgota desta forma tão fácil, algo de errado haverá na relação mãe-filho. Algo de errado na educação.

Serão as mães figuras dominadoras, cujo testemunho é passado para as mulheres, com o casamento?

Serão os conflitos entre a geração mãe-filho, resolvidos com o afastamento deste?

Ou será o exemplo visto da mãe (arrastando a família nuclear para a sua natural), imitado desta vez na figura da mulher com quem casou?

Quando o meu filho tinha 3-4 anos costumava dizer-me que quando crescesse se casaria comigo; era a forma dele expressar o enorme amor que sentia por mim. Por volta dos 5 anos, expliquei-lhe que mães e filhos não podem casar, e que aliás eu já era casada com o pai. Ficou decepcionado, e depois disso ainda me fez alguns pedidos de casamento, mas acabou por compreender.

Eu gostaria muito de conseguir educar o meu filho de forma a transformar-se num adulto seguro e justo; alguém que não se deixasse manipular por caras amuadas, e que não esquecesse nunca o amor e o convívio que teve na sua família natural. Que nos continuasse a ver como os mesmos pais, e a considerar a nossa casa como sua. A voltar sempre; com a mulher, e com os filhos.

Não entendo como se poderá considerar uma nora alguém de estranho; e admiro imenso os casos dos sogros que abraçam as noras como filhas. Sei que há muitos casos assim.

Também gostaria de ser bem sucedida na formação da minha filha; que ela fosse segura o suficiente, para não competir com o amor que o marido sente pela família dele. Que seja justa o suficiente para compreender que o marido também tem o direito de visitar os pais, de passar lá o Natal, e que como ela o ama, também vai!

De uma coisa tenho a certeza, os nossos filhos do futuro dependem da educação que lhes dermos no presente. A certeza da educação perfeita? Não sei, hei-de debater-me com esse tema ad eternum.

Até breve!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Fé na República? Ainda?

Há homicídios que são especiais; são tão graves e chocantes que têm até uma designação diferenciada: matricídio, parricídio, fratricídio….e regicídio. O assassinato do rei está na mesma linha dos crimes contra-natura.

Há episódios da História de Portugal de que eu não gosto mesmo nada, e esse do assassinato do rei D.Carlos e do filho, o príncipe herdeiro Luís Filipe, é um deles. Sem saber exactamente porquê sempre me senti um pouco envergonhada com esse acontecimento. Embora não possa ser responsabilizada, sentia-me conivente; talvez por aceitar viver num regime republicano sem contestar.

Dizem que somos um povo de brandos costumes, no entanto, nessa passagem da Monarquia para a República, não se viu brandura alguma. Foi violento, cruel e desnecessário.

Há dias, quando eu sugeri a uma pessoa que ia participar numa corrida em homenagem à República, que vestisse uma t-shirt azul, ela perguntou-me se eu sou monárquica.
- Já fui menos. Respondi.

A minha fé neste sistema político tem sido constantemente abalada. O que falta em competência e honestidade, abunda em oportunismo e má-fé, de tal forma que os poucos políticos decentes se afastaram da cena política, enojados e frustrados.

Os reis foram acusados de viverem faustosamente e afastados, porém os palácios, construídos por eles, monumentos históricos que nos orgulham, são hoje habitados pelos políticos republicanos. E estes, o que constroem? Mamarrachos! Vejam lá se o Presidente Cavaco Silva foi viver para o Centro Cultural de Belém!

Se na história da Europa tivessem existido Repúblicas desde sempre, este Continente seria feio, pobre e sem história. As monarquias privilegiaram o belo, e ao longo dos tempos, os reis foram mecenas dos artistas que ficaram na História, imortalizados nas suas próprias obras. Quantos não se teriam perdido, numa Republica?!

As monarquias na Europa funcionam muito bem, todos sabemos disso. As famílias reais souberam actualizar-se e integrarem-se num novo modelo de sociedade. E acredito, que devido à continuidade, na representação dos seus papéis, os países onde reinam são mais beneficiados.

O Rei D.Carlos teve uma educação primorosa, como seria de esperar, preparando-o para ser rei. Foi um homem de diversos e conceituados talentos; culto, falava fluentemente francês e inglês, pintava com maestria, interessava-se pela ciência sendo inclusivamente reconhecido internacionalmente; desportista sem-par, fez de resto imenso pelo desporto em Portugal.

“ Nunca esqueci, um instante sequer, quais são os meus deveres para com a minha coroa e para o meu querido país”. Rei D.Carlos

Foi o último governante português a pensar assim. Depois dele, vieram os que só pensam neles próprios. E nas famílias. E nos amigos, claro!

Por tudo isso, meus caros leitores,  amanhã não festejarei o regicídio que é mesmo que festejar a implantação da república. Tal como não festejo a injustiça!

Quem sentir que o momento é de festa, que a cena política nacional merece festejos e risos, faça o favor!


Até breve!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Preparar uma festa de anos. Tema: Discoteca

A menina dos anos disse-me:
- Já não tenho idade para festas de princesas; nem para chás de bonecas.

Então qual poderia ser o tema da festa de aniversário, da menina dos anos, que faz 8, e estuda piano?
Música, claro! Os convites, com dupla face, sugeriam a capa do cd, com o rosto da menina e as informações habituais, e o próprio cd, um círculo prateado, do outro lado.

E sendo o tema tão abrangente, eu improvisei e inovei, transformando a garagem numa “Discoteca”; comprei plástico auto-colante azul, laranja, amarelo e verde e colei no chão, para fazer a pista de dança. Decorei as paredes com balões, e banneres alusivos à música e o tecto com swirls brilhantes de dançarinos, globos e notas musicais.

E como havia um elemento extra ( uma tia talentosa), para além dos habituais jogos, a que recorremos para dinamizar a festa, houve também sessão de pinturas faciais, à la carte, algo extremamente popular, e uma pequena sessão de teatro, protagonizada por esse “elemento extra”, que vestiu a pele do segurança da discoteca: Camisa branca, gravata, cabelo preso, óculos escuros e um grande bigode rebuscado. Trazia numa mão a lista dos convidados, que um a um tiveram que provar serem convidados, fornecendo nomes como Gefrôncio, Jinácia, ….. e na outra mão a fita métrica, para tirar as medidas aos meninos. Qual altura, qual quê! As medidas das orelhas, no nariz, do cabelo, e até da língua!

Foi um momento muito divertido, as crianças riram-se imenso. E quando finalmente conseguiram entrar na Discoteca, os ânimos estavam ao rubro, dançaram animadamente I gotta feeling, que sabiam de cor, Poker Face, e outras músicas muito conhecidas.

A mesa do lanche estava, adequadamente, na “Discoteca”, e como uma menina me disse:

- Eu agora, vou comer e beber e dançar; Porque é assim que se faz nas discotecas, não é?!

Houve pinhata, houve “Parabéns”; houve risos, gritos ( se houve!) e alegria.

A menina dos anos e os convidados ficaram muito felizes. E nós também; mais uma missão cumprida, pelos super parents!

Material utilizado:
- Kit de pinturas faciais da Claire's ( corner do Haloween).
- Bandeirolas do jardim, Lojas Casa.
- Decoração da discoteca, do Ebay UK.
- Pista com plástico autocolante, da drogaria.
- Lanche e convites, made by Mãe... e muito mais

Um bom fim de semana!