segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma espécie de jornal

Quando os primeiros jornais grátis começaram a ser distribuídos pelas ruas das cidades, houve quem dissesse que isso seria o fim dos outros jornais; e vimos jornais prestigiados, com longos anos de publicação serão fechados, ou assimilados, como o Comércio do Porto e o Independente. Não creio que os jornais grátis fossem os responsáveis por isso, acredito que a internet teve muito mais peso, no entanto, estes dias em Londres impressionei-me com o número de publicações grátis que são distribuídas diariamente às entradas e saídas do metro. Pelo menos 4 jornais diferentes!

Os artigos são curtos, a escrita fácil, com recurso constante à gíria e os assuntos, na sua grande maioria, fúteis e demasiadamente efémeros. São absurdamente especulativos; num dia vinha uma foto de Madonna, com uns braços escandalosamente musculados, e veias salientes. Passados dois dias revelam que a foto tinha sido manipulada!

Jornais a sério são feitos por jornalistas profissionais, cuja assinatura no fim do artigo dá credibilidade ao Jornal e o nome deste dá credibilidade ao jornalista. Jornais a sério pagam investigações, possuem repórteres em várias partes do globo e têm peso na sociedade com as suas matérias. Jornais destes não podem ser grátis; por isso mesmo, leitores a sério preferem jornais sérios, que lêem de ponta a ponta, durante dias, carregando-o debaixo do braço.

Jornais grátis ficam esquecidos nos bancos do metro, atirados ao chão displicentemente, depois de terem sido folheados com o interesse fugaz de uma curta viagem. Um desperdício lamentável de papel para um exercício sub-mental.

Porém, fico-me com a questão: será que ainda existem leitores de jornais a sério?!

Tenha uma óptima semana!