segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O sonho


(o Sonho, Henri Rousseau)

Eu sempre sonhei imenso. Lembro-me de alguns sonhos que tive em criança, um em particular, por ser recorrente e me deixar extremamente assustada; até hoje não consigo explicar porque um grão de areia a crescer me deixava em pânico. Recordo outros, também assustadores, que me marcaram. Na adolescência comecei a ter sonhos que primavam pela originalidade, então comecei a registá-los num caderno, não porque acreditasse que tivessem algum significado, mas apenas por serem divertidos.

Na idade adulta os meus sonhos tornaram-se mais complexos, muitas vezes repetição do meu dia, das minhas preocupações e problemas. Então, aquele que se repetia mais era a queda. A sensação de cair, de sítios extremamente altos, para os quais eu nunca subiria acordada (porque sofro de vertigens) era terrível e o choque acordava-me automaticamente. Numa determinada noite, estando em queda livre, lembrei-me subitamente:” - Isto é um sonho! Posso fazer o que quiser.” E comecei a flutuar. Ao fim de algum tempo acordei. Mas foi muito excitante aquela sensação de controlo!


Naturalmente, desde que me tornei mãe tenho alguns sonhos com os meus filhos. Por vezes são pesadelos, e nesses, quando a situação começa a ficar demasiado insuportável eu acordo automaticamente. Assim, com um clic! Um automatismo que eu criei, certamente, para me salvaguardar. Muitos dizem que o sono é um desperdício da vida, porém se conseguíssemos controlar o sonho, esse período de descanso físico poderia ser bem mais produtivo.

Então, eu começo a especular; já imaginou se você conseguisse controlar os seus sonhos? O que é que você faria? Aonde iria? Com quem estaria?

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma espécie de jornal

Quando os primeiros jornais grátis começaram a ser distribuídos pelas ruas das cidades, houve quem dissesse que isso seria o fim dos outros jornais; e vimos jornais prestigiados, com longos anos de publicação serão fechados, ou assimilados, como o Comércio do Porto e o Independente. Não creio que os jornais grátis fossem os responsáveis por isso, acredito que a internet teve muito mais peso, no entanto, estes dias em Londres impressionei-me com o número de publicações grátis que são distribuídas diariamente às entradas e saídas do metro. Pelo menos 4 jornais diferentes!

Os artigos são curtos, a escrita fácil, com recurso constante à gíria e os assuntos, na sua grande maioria, fúteis e demasiadamente efémeros. São absurdamente especulativos; num dia vinha uma foto de Madonna, com uns braços escandalosamente musculados, e veias salientes. Passados dois dias revelam que a foto tinha sido manipulada!

Jornais a sério são feitos por jornalistas profissionais, cuja assinatura no fim do artigo dá credibilidade ao Jornal e o nome deste dá credibilidade ao jornalista. Jornais a sério pagam investigações, possuem repórteres em várias partes do globo e têm peso na sociedade com as suas matérias. Jornais destes não podem ser grátis; por isso mesmo, leitores a sério preferem jornais sérios, que lêem de ponta a ponta, durante dias, carregando-o debaixo do braço.

Jornais grátis ficam esquecidos nos bancos do metro, atirados ao chão displicentemente, depois de terem sido folheados com o interesse fugaz de uma curta viagem. Um desperdício lamentável de papel para um exercício sub-mental.

Porém, fico-me com a questão: será que ainda existem leitores de jornais a sério?!

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Caixa de óculos é " fashion"!


Coitadinhas das crianças da escola que precisavam de usar óculos! Eram vítimas fáceis, arrumadas com o monótono e simples argumento: "Cala-te, caixa de óculos!". Não me recordo de ter utilizado argumentação tão rasteira, até porque o meu pai usava óculos desde que eu o conhecia, portanto eu sabia que só usava óculos quem via mal. Mas lembro-me de colegas atirarem o insulto como se a miopia fosse um crime, ou algo altamente reprovável.
Efectivamente, naquela época os óculos de criança eram cópias dos de adultos, extremamente feios, e GRANDES, isso sim!

Felizmente hoje em dia as crianças que usam óculos dispõem de uma infinidade de modelos e cores que só os envaidecem e destacam. De tal modo, que o melhor amiguinho do Duarte ficou muito decepcionado, quando este ano fez um exame de rotina à visão e não necessitou de óculos! Ainda assim, ele mantém a esperança de que precise, no próximo ano, rsss…

Vejam só a mudança de mentalidades! Isso é bom, não é?! No entanto, achei um bocado demais ler que os fashionistas londrinos desfilam actualmente com modelos de óculos incrivelmente enormes, precisando deles ou não, inclusivamente que os usem sem lentes, por não necessitarem deles at all! Mais um insulto estereotipado que a moda deita por terra!

Mas, óh, atenção: Ser caixa de óculos é fashion, mas tem que ser daqueles modelos enooooormes e quadrados ;) E fica a dica!

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Férias em Londres (com crianças)


 Natural History Museum

Não pretendo fazer um relatório das nossas férias, com certeza cansativo e nada original, para quem conhece Londres, porém gostaria de partilhar a versão “férias em Londres para crianças”. Continuamos adeptos de férias em família, conscientes que férias nas metrópoles podem ser cansativas para as crianças, porém convictos que estas experiências nos soldam mais ainda enquanto membros da família e alargam imenso os horizontes dos pequenos.

Vivendo numa pequena localidade o único transporte que as crianças utilizam é o carro, portanto a diversidade de transportes que utilizamos nestas férias, foi por si só um acontecimento excitante: avião, táxi, metro, comboio e autocarro: de dois andares! Suponho que as crianças já aprenderam a valorizar estas pequenas coisas, tal como eu, que as fazem felizes!

Não direi que museus sejam todos interessantes para os mais pequenos, os meus adoraram o Museu da História Natural (duas vezes, tivemos que lá voltar, felizmente a entrada nos museus é grátis!) e da Ciência; só lá estávamos como acompanhantes, porém nos restantes museus coube-nos a nós torná-los interessantes. É fácil, basta contar histórias da História, para que fiquem motivados; observando uma máscara diabólica, acoplada a um capacete de guerra, da Idade Média, conversamos sobre o porquê de tal máscara, que seria para assustar o inimigo, ainda antes da batalha começar. De resto, todas as pinturas e esculturas clássicas, recriando figuras da religião e mitologia fornecem histórias fascinantes que qualquer criança terá interesse em ouvir.

Em Hampton Court tivemos oportunidade de ver, ao longo do dia, a recriação do dia de casamento de Henrique VIII com a sua última esposa, Katherine Parr; a história inusitada deste rei (que mandou decapitar 2 mulheres e casou 6 vezes) fascinou os pequenos, que ávidos em detalhes da sua história, me repetiam constantemente: mãe, estou à espera! Sempre que eu parava de falar, para ler alguma legenda ou observar detalhadamente algum objecto.

Enfim, banhos de cultura e multidão em vez de banhos de sol e de mar podem ser muito cansativos, mas intelectualmente revigorantes. É decididamente o caso!

É bom estar aqui novamente. Tenha uma óptima semana!

Adenda: Se procura informação mais turística, veja no Londres para principiantes. Muito bom!