quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Viajando na brisa marítima


Eu já disse que não gosto de férias de praia, não já? Pois é, não gosto mesmo, ficar deitada na areia dia após dia, enxergando um mar de gente ou o próprio mar, dá-me uma canseira que só me faz desejar voltar ao trabalho! Porém, férias para as crianças tem que ter praia, e as minhas crianças não são excepção. Portanto, lá fomos, contra ventos e marés, ou seja, apesar dos raios ultravioletas altíssimos e água do mar poluída, para ficar na praia umas 3 horas diárias (para evitar os ditos raios!), isso na melhor das hipóteses, porque praia no Norte traz direito a Nortada (vento frio, brrrr…) e água gelada. Claro que isto sou a eu, porque tenho má vontade, pois as crianças acham que todos os dias estão óptimos para a praia (apesar da neblina!) e nunca, jamais querem sair da água, apesar dos lábios roxos e pele arrepiada!

De qualquer maneira, eu sou aquela que nunca faz apenas uma coisa de cada vez; imagine, se eu consigo, simultaneamente, falar ao telefone, fazer as camas, regar plantas e responder a emails, ficar na areia completamente parada é pedir demais! Valem-me os meus companheiros fiéis, que me levam para outros sítios, bastante diferentes ou não, contando-me histórias insólitas ou banais, e embora o meu corpo esteja na praia, a minha mente vagueia por outras paragens. Sim, são os meus queridos livros!
E de uma assentada, consegui ler “ Sapatos de Rebuçado” de Joanne Harris, uma espécie de parte II do ”Chocolate”, e embora tenha gostado não elegeria como o melhor livro que li da autora (esse seria “Cinco quartos de laranja). Contudo, queria destacar duas frases que me fizeram remoer:
“Mostrem-me uma mãe e mostro-vos uma mentirosa” – à partida senti-me injustiçada, pois sou sempre muitíssimo honesta com as crianças, prefiro que eles chorem a enganá-los, mas em questões de morte e segurança, sou mais maleável, não hesitando em proferir promessas que não tenho a certeza de poder cumprir, ou mesmo irreais, tipo: não permitirei que nada te mal de aconteça! Ou – Não, eu não vou morrer! Bem, parece que esta mãe também diz algumas mentiras….
Outra: “ uma mulher depois de ser mãe, vive no medo”: Bingo novamente! Depois da maternidade a minha convivência com o medo é diária; medo que caiam e se magoem, medo de que alguém os maltrate, medo disto de daquilo. Quando não estão comigo tenho medo, porque não sei o que está a acontecer com eles. Quando estão comigo, só não tenho medo quando estão tranquilamente a dormir. E ainda assim, vou lá certificar-me que respiram normalmente. Pronto, confessei!

De seguida, o “Gazeteando”, da queridíssima amiga blogueira Maria Luíza Ramos, que teve a gentileza de me enviar a compilação das crónicas, escritas ao longo de 30 anos para o jornal de Alegrete, sua terra natal. A Maria Luíza evoca com nostalgia momentos felizes, de pessoas queridas que já partiram, de um tempo em que os valores como educação e respeito eram regra, não excepção, como hoje. Através destas crónicas aprendi imenso sobre a cultura e sociedade brasileiras e sobre a própria Maria Luíza, uma pessoa com preocupações políticas, sociais, ambientais, enfim, uma pessoa com uma faceta humanista excepcional. Para além de tudo isto, ela escreve muitíssimo bem, com uma perspicácia e sentido de humor que me prendem verdadeiramente. Portanto, se ainda não conhece o simplesmente Maria, vá lá fazer uma visita, que vale a pena.

Parece que “Daisy Miller” , de Henry James é a obra mais conhecida do autor, porém não foi por isso que a escolhi, simplesmente estava à mão. A história de uma jovem, coerente e pura, que não alinhou nas convenções da época e claro, pagou um preço alto por isso.

Não tencionava ler “A rapariga que roubava livros”, de Markus Zusak, (o meu velho preconceito contra livros do Top de vendas!) contudo na biblioteca não havia novidades, excepto este. Gostei da história, mas não gostei da escrita; eu explico, gostei de ler sobre alemães que não se identificaram com o regime nazi, que de alguma forma lhe fizeram oposição, para variar. Não gostei das promessas constantes do narrador, em contar mais adiante sobre um assunto e outro. Aconteceu vezes demais para me lembrar se realmente esses pontos foram esclarecidos. Achei irritante. Não pensei que a Morte fosse tão tagarela e divagativa…acho que sempre pensei na Morte mais silenciosa e assertiva.

Bom, e estas leituras fizeram-me recordar que estou em falta com a Geo (- perdão, amiga!) mas desta vez, vai! Ou melhor, foi! Já preenchi o inquérito e enviei, sobre “A menina que não queria falar” de Torey Hayden, outra leitura de praia. Se quiser saber a minha opinião sobre o livro (que ainda não está lá, mas estará...) passe pelo “Elas estão lendo”, um espaço dedicado à leitura, onde poderá encontrar dicas óptimas e até trocar ideias.

Tenha uma boa semana!