segunda-feira, 3 de março de 2008

História de família


Fui sempre a favor do parto anónimo, porém ao ler recentemente um post sobre o assunto, e um outro sobre a história da família, no blog da Sam, fiquei a pensar. Revi o meu ponto de vista, que não me parece, agora que sou mãe, tão linear como antes. Eu achava que era assim simples: em muitas situações dar um filho para adopção é um acto de amor, e fosse esse o caso ou porque a criança tinha sido abandonada ou retirada à custódia parental, a criança adoptada só tinha que valorizar quem a criara. Existia um motivo grave para não ficar com os pais e isso devia bastar. Não deveria ferir os pais adoptantes na busca dos pais biológicos, por aquilo que eu achava ser uma curiosidade masoquista. Contudo, sei de vários casos de adultos adoptados que foram procurar os pais biológicos. Porquê?
Compreendi agora, com os meus filhos, que nós precisamos de uma história familiar, de sabermos que pertencemos a essa história, e que somos muitas vezes o resultado de um conjunto de pessoas que nem chegamos a conhecer, mas que nos deram origem!
Desde sempre que eu ouço dizer que sou em tudo igual ao meu pai. Até nos dedos, dizem! Isso sempre me deixou orgulhosa. Vejo, agora, a importância que esses sinais genéticos têm para os meus filhos; para além daquele ar de parecença geral comigo, a Letícia tem um sinal no antebraço esquerdo exactamente igual ao meu. Quando o descobrimos ela ficou super feliz e não se cansava de o admirar. As histórias que contamos aos nossos filhos, sobre o avô materno e avós paternos são mais interessantes do que a mais fixe das histórias. Eles pedem para repetir, fazem perguntas, riem-se, admiram-se. Eu própria sempre gostei de ouvir as histórias de família e agora gosto de contá-las, mas também compreendo que nem todos somos assim. Recentemente, ao fazer uma busca por familiares brasileiros no Orkut, fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que me respondeu não saber a história familiar. Desconheciam os nomes de avós, desconheciam a origem da família em Portugal, afirmavam mesmo: “não sou chegado na história da família”.
Para mim a história de família é importante porque considero que conta também a minha história, mas será que realmente ela importa para a maioria das pessoas?

Boa semana!