segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Onde começa a hipocrisia


Na minha adolescência tinha uma amiga que se vangloriava de ser amiga de toda a gente. Realmente assim era, todos com quem ela falava eram amigos dela. Coisa que me deixava muito confusa porque eu era muito criteriosa nas minhas amizades. Depois conclui que essa minha amiga não tinha uma personalidade própria, mas antes se moldava a todo o tipo de amigos que tinha. Ela era incapaz de confrontos, de discordar, de se opor.

Quando no 5º aniversário do meu filho ele fez um comentário depreciativo a respeito de um presente (era uma peça de roupa e ele queria brinquedos), eu chamei-o a um canto e expliquei-lhe que deveria agradecer e fazer comentários agradáveis, para não magoar a pessoa. Ao dizer-lhe essas palavras, tive consciência que estava, pela 1º vez, a destruir-lhe a noção de sinceridade. Porém, era necessário que o Duarte aprendesse, para bem dele, que em sociedade devemos fazer concessões.

Então, onde fica o limite da sinceridade, que pode ser uma agressão para o outro, e a hipocrisia que pode ser uma incapacidade de se expor diferente do outro?
As relações humanas são complexas e difíceis, contudo se formos tolerantes podemos aprender muito sobre nós mesmos. Tenho reparado que nem sempre na blogosfera as pessoas “ouvem” opiniões diferentes com tolerância; compreendo que é mais agradável ouvir aquilo que queremos. Já me aconteceu ler comentários que não gostei, mas aceitei. E são esses que nos fazem crescer, porque nos abrem janelas para outras realidades e vislumbramos coisas que não tínhamos visto antes. São esses que nos fazem reflectir, sair das nossas verdades, que são parciais e subjectivas e aceitar, por vezes, as verdades dos outros.

Agora é com cada um: ou nos expomos, e arcamos com as consequências, ou aderimos ao que os outros dizem; ou aceitamos opiniões opostas às nossas e alargamos os nossos horizontes, ou ficamos no grupinho de sempre, concordando e concordando e concordando…

Uma boa semana a todos!