sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Precisa de dinheiro? Pegue! Tome! Vá lá, pegue!


Vivemos num época de tentação; as ofertas são imensas, irresistíveis e estão ao alcance de todos. Pelo menos, é essa a mensagem que muitos pretendem enviar. Até no telemóvel recebo mensagens oferecendo dinheiro; antes das férias, para poder ir de férias, depois das férias, porque se gastou demais; antes do Natal porque se despende quantias exorbitantes, depois do Natal porque se está falido!

Adquirir casa, móveis, jóias, roupa,carro, viagens, etc tornou-se algo tão banal, que as pessoas repetem inúmeras vezes durante a vida, sem sequer questionar o porquê desta motivação. No tempo dos meus avós, quando eles compravam uma mobília era para toda a vida. Comprar casa então nem se fala, pretendia-se que ficasse para os descendentes. As roupas passavam de irmão para irmão. Hoje as pessoas passam por diversas casas durante a sua existência, mudam de móveis de todas as vezes, adquirem carro sempre que o novo modelo sai, a roupa muda de ano para ano. Constato que a maioria das pessoas que vivem neste sistema, não tem possibilidades económicas para tal, no entanto entraram nesta roda-viva e vivem no engano graças aos empréstimos que os bancos, instituições bancárias, empresas, lojas, etc. lhes concedem. Na verdade, hoje as pessoas são praticamente assediadas por estas entidades, através da intensa publicidade, cartas, mails e telefonemas. É comum para muita gente gerir créditos com novos créditos, um cartão paga outro e assim sucessivamente até que o descontrole seja total.

O triste é que as pessoas nem se apercebem que vivem escravizadas pelo dinheiro, pela sociedade de consumo, pelos créditos. Antes a vida espartana dos nossos antepassados, a simplicidade dos tostões contados, a troca de bens e serviços, o simples fluir do tempo; isso sim era liberdade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Amor é….


A Anita designou-me, há bastante tempo atrás, para falar de “amor”. Eu poderia ter escolhido um poema, a letra de uma canção ou até uma escultura ou pintura que exprimisse esse sentimento que tem inspirado artistas ao longo dos tempos, porém preferi dizer algo meu.
Enquanto eu era criança o meu primeiro amor foi o dos meus pais, das minhas irmãs e minha família mais próxima. Enquanto eu crescia e fazia amigas conheci outro tipo de amor, porque a amizade também é amor. Mais tarde, o amor que eu senti pelo meu namorado, que se tornou meu marido, mas que antes tinha sido o meu melhor amigo, foi uma outra qualidade de amor. O Amor, com letra maiúscula, o mais forte, o mais poderoso de todos. Recordo-me bem de ter ouvido uma colega de trabalho afirmar que o amor da vida dela era a filha; não fiz qualquer observação, porém aquela revelação deixou-me perplexa. Eu estava prestes a casar e não imaginava, como sendo o marido ou a mulher, o único amor que escolhemos na vida, pudesse ser relegado para plano secundário em detrimento dos filhos.
Entretanto os filhos chegaram para mim; primeiro o Duarte, que me fez sentir uma espécie de amor diferente de todas, que dobrou a minha personalidade, me ensinou a paciência, a tolerância, o altruísmo. Depois a Letícia, e eu inquietei-me por achar ser impossível amar tanto outro filho, como ao primeiro. A Letícia nasceu e com ela surgiu um amor igualmente avassalador. Compreendi que não importava quantos filhos tivesse, o amor chegaria sempre para todos eles: forte e avassalador.
Há vários tipos de amor, todavia uma única característica os une e os agrupa num só: a abnegação. Amar sem esperar nada em troca, amar por amar, preocupar-se, ajudar, estar presente, dar colo, animar, enxugar as lágrimas, ouvir e vibrar com a felicidade do outro. Sem esperar nada em troca. Este é o amor que Jesus teve por nós, foi este amor que Ele nos ensinou. Mas como é difícil praticá-lo….

Boa semana!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sem noção!


- Só em livros para o meu filho, vou gastar mais de 250€! Dizia ela, indignada, enquanto batia a porta do seu jipe Mercedes.

Realmente, o início do ano lectivo comporta despesas exorbitantes na aquisição dos manuais; não é aceitável que se atinjam somas que desequilibram o orçamento familiar de tantas famílias, sendo que o vencimento mínimo no nosso país é de apenas 400€ e que a atribuição de bolsas nem sempre é justa. Muitas famílias fazem, de facto, um esforço económico enorme, agravado pelo número de filhos estudantes, mas esses não conduzem Mercedes nem compram ténis de 150€ aos filhos e muito menos telemóveis que custam o ordenado mínimo! Por isso fico perplexa com a falta de noção de algumas pessoas, como ousam reclamar?! Não vêm e nem sequer imaginam a verdadeira dificuldade que muitas famílias enfrentam nesta hora!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Economia de subsistência


Quando viemos viver para esta casa, antiga casa dos meus sogros, desagradava-me um pouco tudo e muito em particular a figueira. Esta árvore ocupa a parte central do nosso pequeno jardim e eu via os seus braços nus, no Inverno, como tentáculos tentando abarcar tudo, se possível a casa e os habitantes! E no Verão, irritava-me os seus constantes “bombardeamentos” que sujavam os passeios do jardim e minavam a gramínea, tornando o jardim um sítio a evitar. Numa discussão viva em que eu só apresentava argumentos para abater a figueira esqueci-me da sombra que ela nos providencia, da privacidade que nos proporciona, pois é uma autêntica cortina verde que nos protege do exterior e dos abundantes frutos que nos dá, só porque eu não gosto deles. Com o tempo comecei a ver a perspectiva da figueira, que aliás já estava naquele sítio antes mesmo da casa! Com a idade a figueira parece produzir cada vez mais; começamos a oferecer os seus frutos aos vizinhos e comecei a fazer doce de figo, para oferecer aos amigos e familiares.
E com surpresa constatamos que os vizinhos retribuíram com o que tinham: ovos caseiros, abóbora, cebolas, tomates, maracujás, etc. Vejo esta troca entre vizinhos como um acto de boa vizinhança, uma teia de gentilezas e amizade, que beneficia todos.
Não é curioso como tudo na vida tem duas perspectivas e só depende de nós escolher a positiva?!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Primeira vez



Chegou o 1º dia da escola; o Duarte no 1º ano e a Letícia no infantário. O Duarte portou-se assim e a irmã de outra maneira, diferentes um do outro como quase sempre. Algumas mães já me tinham dito que se sentem motoristas dos filhos e hoje pela 1ª vez também me senti assim: levar o Duarte a uma escola, levar a Letícia a outra, buscar a Letícia às 17h, voltar a sair da casa ás 18:10 para ir buscar o Duarte (acho que vou desistir da garagem e deixar o carro na rua!).
Pela primeira vez sozinha em casa, não me senti sozinha, ainda tinha as crianças na minha cabeça, as vozes deles ressoavam pela casa e o meu pensamento intranquilo estava com eles. O telemóvel sempre junto a mim, não fosse tocar a sirene e eu ter que sair de urgência, para resgatar as minhas crias...
Os primeiros dias de adaptação são importantes, para eles e para mim, porém estou confiante, porque afinal, no fim do dia o Duarte regressou encantado com a escola e a Letícia...bem, a minha filhota está radiante!
E para completar, estou muito feliz com as professoras dos meus filhos, a minha intuição a respeito delas deu-me uma confiança enorme e tenho constatado, por pequenas coisas que são competentes, sem esquecer a componente afectiva, que ao fim e ao cabo é o mais importante para mim. Daí vem o resto.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Confronto de ideias. Outra vez!

Imagem de Jim Gordon
Sexta-feira fui à reunião de pais no Infantário da Letícia; na entrada preenchi um formulário onde indicava a hora de entrada da minha filha, que seria 13:30 e hora de saída: 17:30 e segui para a sala de reunião. O que aí ouvi foi muito semelhante ao que foi dito no ano anterior, quando assisti a esta mesma reunião para o Duarte. Á saída, uma funcionária chama-me e diz que eu me tinha esquecido de indicar o horário da manhã. Respondo que a Letícia só iria frequentar o horário da tarde, que coincidia com o do irmão e além disso as actividades da tarde eram mais adequadas para ela. A funcionária olhou-me com cara de espanto.
- E já disse isso à directora? Perguntou com descontentamento.
- O meu marido já falou com ela. Respondi eu.
- E a directora concordou? Perguntou ela com um ar absolutamente incrédulo.
- Penso que está tudo bem. Respondi eu calmamente, omitindo o quanto esta protestara.
- Ah, então, já não digo nada! Respondeu ela, com ar de quem ia a correr confirmar as minhas palavras.
Saí calmante mas interiormente perturbada com estas atitudes tão rígidas e egoístas. Com o Duarte aconteceu o mesmo, no ano passado; a diferença foi que ele só frequentava de manhã. O Infantário não é obrigatório, portanto porque há-de a minha filha cumprir o horário completo? Porque todas as outras crianças o fazem? Não há-de uma mãe saber o que é melhor para os seus filhos? Parece-me que as funcionárias do Infantário encaram as minhas opções de horário como um ataque pessoal! Realmente é pessoal, as nossas opções enquanto país, a minha relação com os meus filhos, sendo eu quem melhor os conhece e sabe do que necessitam. O Duarte precisava de disciplina, de pegar no lápis, de desenhar e colorir, portanto foi de manhã, quando essas actividades eram privilegiadas. A Letícia é a artista da família, as actividades da manhã são dispensáveis, enquanto de tarde poderá frequentar música, teatro, francês e ginástica, tudo à medida dela!

Lamento imenso, profissionais da educação, mas os meus filhos só fazem horário completo no ensino obrigatório!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

"Ao longo dos tempos"


A vida é uma longa estrada, que eu não calcorreei antes, estrada muito estranha com troço de alcatrão onde posso e devo acelerar e troço de terra batida, onde sou obrigada a abrandar e contornar buracos. Mas que estrada essa, com paisagens que nunca me deixam indiferente, onde encontro companheiros de viagem que me ensinam o bem e o mal ou me deixam indiferente, com quem eu troco lições. Percorrer esta estrada é surpreendente e a vida ensinou-me ao longo dos tempos que é surpreendente; podemos planear ir numa determinada direcção e a vida levar-nos noutro rumo. Posso trabalhar para atingir um certo objectivo e pelo percurso desviar-me de tal modo que chego aonde nunca imaginei. Nada na vida é garantido, nem coisas, nem pessoas, nem sentimentos; de quem se espera apoio recebe-se, muitas vezes, as costas e de quem não se espera nada, estendem-nos a mão. Um amor que se julga eterno pode terminar sem aviso e um encontro que não prometia pode ser uma bela história de amor. A casa que nos abriga e que julgamos ser o nosso refúgio para o resto da vida, pode ruir num abrir e fechar de olhos e podemos, inesperadamente, encontrar a "nossa casa" no outro lado do mundo. Nada na vida é garantido, excepto a surpresa!

Post sugerido pela Beth, subordinado “Ao longo dos tempos”, quem desejar pegar no tema, esteja à vontade...